
Era como se a cidade inteira respirasse aliviada — mas com o coração ainda apertado. Mal o cessar-fogo começou a valer, uma multidão surgiu no horizonte poeirento. Homens, mulheres, crianças, idosos... todos com pressa de voltar para o que um dia chamaram de lar.
As imagens são de cortar o coração, sabe? Pessoas carregando o pouco que conseguiram salvar em sacolas plásticas, algumas praticamente vazias. Outras puxando carrinhos de mão improvisados com o que restou de suas vidas. Uma senhora, devia ter uns 70 anos, caminhava devagar segurando apenas uma foto emoldurada — talvez de um filho, neto, marido.
O preço da guerra
O que encontraram foi devastação pura. Prédios reduzidos a montanhas de concreto e vergalhões retorcidos. Ruas que nem parecem mais ruas, mas labirintos de destruição. E o silêncio — ah, o silêncio é o que mais assusta, interrompido apenas pelo som de passos apressados e ocasionais gritos de nomes.
"Mohammed! Onde você está?" — ouve-se uma voz feminina ecoar entre os escombros. É assim que muitos passam essas primeiras horas: procurando. Por familiares, por amigos, por qualquer sinal de vida onde antes havia morte.
Uma corrida contra o tempo
O acordo de trégua — frágil como vidro, diga-se de passagem — permite apenas quatro dias de paz. Quatro dias! Parece piada de mau gosto quando você perdeu tudo. As pessoas sabem que cada minuto conta, então correm como se o amanhã não existisse.
- Famílias se reencontrando em meio aos destroços
- Crianças tentando reconhecer o que era seu quarto
- Idosos sem saber por onde começar a reconstruir
E tem aqueles que nem conseguem chegar até suas casas — o caminho está simplesmente bloqueado por toneladas de concreto. Ficam parados, olhando para o nada, com uma expressão que mistura incredulidade e resignação.
Entre a esperança e o desespero
Algumas cenas, no entanto, aquecem a alma no meio desse inferno. Dois irmãos se abraçando depois de semanas sem se ver. Uma mãe encontrando a filha sã e salva. Vizinhos que se reencontram e imediatamente começam a ajudar uns aos outros — a humanidade no seu estado mais puro.
Mas a realidade é dura, cruel mesmo. Muitos não encontrarão ninguém. Muitos não terão onde dormir esta noite. Muitos sequer reconhecerão o lugar onde construíram suas vidas.
O que vem depois? Quatro dias passam rápido — muito rápido. E depois? Volta tudo ao que era antes? Perguntas que ficam no ar, sem resposta, enquanto o povo de Gaza tenta, pelo menos por algumas horas, recuperar um pedaço de normalidade em meio ao caos.
Enquanto isso, o mundo observa. E torce para que essa frágil trégua seja o começo de algo maior — embora a história nos ensine a não criar muitas esperanças quando se trata dessa região conturbada.