
O Rio Grande do Sul perdeu nesta segunda-feira (14) um de seus maiores heróis. O Capitão Elmo Diniz, veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB), faleceu aos 103 anos — um verdadeiro marco para quem enfrentou os horrores da guerra e voltou para contar a história.
Nascido em 1922, Diniz tinha apenas 22 anos quando embarcou para a Itália com a FEB. "Era um menino que virou homem da noite para o dia", costumava dizer sobre sua experiência nos campos de batalha. E que experiência! Participou de combates cruciais como Monte Castelo, onde os "pracinhas" brasileiros mostraram ao mundo sua fibra.
Um legado que vai além das medalhas
Quem o conhecia sabia: o capitão era um poço de histórias — algumas engraçadas, outras arrepiantes. Contava com detalhes vívidos como foi ver a neve pela primeira vez (e odiar cada minuto daquele frio cortante) ou o alívio indescritível ao saber que a guerra havia acabado.
Mas não pense que sua vida se resumiu à guerra. Após voltar ao Brasil:
- Dedicou-se à agricultura no interior gaúcho
- Tornou-se ativo em associações de veteranos
- Passou décadas dando palestras em escolas — "para que ninguém esqueça", dizia
E olha que memória! Até os 100 anos, lembrava o nome de cada companheiro de trincheira. "São como irmãos que deixei no campo de batalha", emocionava-se ao falar dos que não voltaram.
O último adeus
A notícia da morte repercutiu rapidamente. O prefeito local declarou luto oficial de três dias, enquanto nas redes sociais, centenas compartilhavam histórias do "Velho Capitão" — como carinhosamente o chamavam.
Seu funeral terá honras militares, claro. Mas o verdadeiro tributo está nas lembranças que deixou: daquele sorriso fácil mesmo quando falava dos momentos mais difíceis, da paixão pelo chimarrão compartilhado com amigos, da obstinação em manter viva a memória dos heróis anônimos.
Num mundo que parece esquecer suas lições tão rápido, figuras como o Capitão Diniz são faróis. Faróis que, mesmo após se apagarem, continuam iluminando pelo exemplo. Descansa em paz, herói.