
O Brasil está enfrentando uma situação no mínimo preocupante – e que passa despercebida pela maioria. Enquanto a gente discute política e futebol, um problema crucial vai minando nosso futuro: a formação de engenheiros simplesmente não acompanha a necessidade do país. É como construir um arranha-céu com alicerces de areia.
O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) soou o alarme. Os números são, francamente, assustadores. A cada ano, formamos cerca de 60 mil novos engenheiros. Parece muito? Pois é uma ilusão perigosa. Para colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento, precisaríamos do triplo disso. Uns 180 mil, no mínimo.
E aí você pensa: "Mas o mercado está difícil mesmo..." Só que é exatamente o contrário! A demanda por esses profissionais é enorme e só cresce. O problema é que a oferta – a formação de novos talentos – patina de forma trágica. O presidente do Confea, Joel Krüger, foi direto ao ponto: estamos, literalmente, "perdendo nossos cérebros".
Uma conta que não fecha
Vamos aos detalhes, porque eles importam. O mundo avança a passos largos na Quarta Revolução Industrial – inteligência artificial, internet das coisas, cidades inteligentes. O Brasil? Bem, nós mal conseguimos formar profissionais suficientes para lidar com a infraestrutura básica. É um contrassenso monumental.
Krüger destacou um dado que deveria ser manchete todos os dias: enquanto nações sérias investem pesado em formação técnica e científica, aqui nós amargamos uma defasagem educacional histórica. E não, não é exagero. É matemática pura. A conta não fecha e o preço que vamos pagar é alto.
Mas por que isso acontece?
Ah, as razões são várias e complexas. Vou listar algumas que me parecem centrais:
- Deficiência no ensino básico: Como esperar que um jovem opte por engenharia – cheia de cálculos e física – se ele sai do ensino médio sem base alguma em matemática? A raiz do problema está aí, muito antes da universidade.
- Falta de atratividade: Apesar da demanda, a carreira não parece tão glamourosa para as novas gerações. Elas veem mais futuro em ser influencer digital do que em projetar pontes ou sistemas de saneamento. E quem pode culpá-las?
- Investimento pífio em pesquisa: Sem investimento robusto em ciência, tecnologia e inovação, o mercado não se aquecia como deveria. Isso desestimula o ciclo todo.
O resultado é esse descompasso brutal. O Confea estima que, para alcançar patamares minimamente decentes, precisaríamos aumentar em 300% o número de formandos. Trezentos por cento! É um desafio hercúleo.
E as consequências? Já estamos sentindo
Isso não é uma crise futura. É bem presente. Obras paradas, projetos que não saem do papel, inovação que não decola. Tudo por falta do profissional qualificado para tocar o barco. Um país que aspira a crescer não pode depender de importar mentes brilhantes; tem que produzi-las em casa.
Krüger finalizou com um alerta sombrio: ou revertemos essa tendência com políticas públicas sérias e investimento massivo em educação, ou seremos eternamente um player de segunda categoria no cenário global. E pior: veremos nossa já combalida infraestrutura definhar ainda mais.
Pensando bem, talvez devêssemos falar mais sobre isso e menos sobre tantas bobagens. Afinal, sem engenheiros, não há futuro. É simples assim.