Unifap: Falta de acessibilidade afeta estudantes com deficiência
Falta de acessibilidade na Unifap prejudica estudantes

Problemas de acessibilidade na Unifap comprometem autonomia de estudantes

A Universidade Federal do Amapá (Unifap) enfrenta graves problemas de acessibilidade que prejudicam o direito à educação de estudantes com deficiência. A falta de infraestrutura adequada, incluindo rampas, elevadores e pisos nivelados, tem dificultado o acesso às salas de aula e comprometido a autonomia dos acadêmicos.

Relatos de estudantes revelam desafios diários

A estudante de relações internacionais Adryana Sales compartilha sua experiência marcada por constrangimentos e limitações. "Já tive o desprazer de não assistir uma aula porque a sala tinha uma subida que era inacessível. Isso não me dá autonomia enquanto pessoa. Não tem elevador, plataforma ou qualquer coisa que me ajude. Tenho sempre que pedir a ajuda de colegas", relata a universitária.

Os problemas estruturais são tão significativos que em alguns blocos da universidade, o desnível entre corredores e salas impede completamente a entrada de cadeirantes sem apoio. A situação força muitos estudantes a dependerem da boa vontade de colegas para participarem das atividades acadêmicas.

Deficiência visual também é negligenciada

O estudante Edson Saraiva, de 32 anos e com deficiência visual, enfrenta seus próprios desafios ao circular pelo campus. "Sempre preciso do auxílio de alguém que esteja passando por perto para passar por alguns locais. O piso tátil não chega em certos locais da Unifap e isso dificulta o acesso a um lugar que a gente deveria estar", explica.

A professora Ioneida Cunha confirma que a situação já impediu fisicamente a participação de uma aluna cadeirante nas aulas. "Quem tem cadeira de rodas, como uma aluna que tenho, não podem entrar em todas as salas. Tivemos que colocá-la em um lugar que a porta era mais larga e que não tivesse desnível", conta a educadora.

Legislação garante direitos, mas realidade é diferente

O advogado Edson Alves, especialista em direito constitucional, destaca que a Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146/2015) determina claramente que o Estado e as instituições públicas devem assegurar condições de acessibilidade em todos os espaços educacionais. "Temos diversos decretos regulamentadores, tanto federal quanto estadual. Isso visa garantir que qualquer instituição de ensino garanta acessibilidade aos alunos. É dever do estado garantir educação", afirma o especialista.

Os dados do Censo 2022 do IBGE revelam a dimensão do problema no Amapá: existem 50,3 mil pessoas com algum tipo de deficiência no estado, sendo 13 mil delas com dificuldades de locomoção.

A universidade foi procurada pela reportagem para comentar sobre a situação, mas a assessoria da Unifap informou que não irá se posicionar sobre o assunto. Enquanto isso, estudantes continuam enfrentando barreiras físicas que comprometem seu direito constitucional à educação.