A Universidade Cornell, uma das instituições mais prestigiadas da Ivy League nos Estados Unidos, chegou a um acordo histórico com o governo do presidente Donald Trump que permitirá a liberação de mais de US$ 250 milhões em verbas federais que estavam congeladas desde abril deste ano.
Valores e condições do acordo
O acordo, que entrou em vigor nesta sexta-feira, 7 de novembro de 2025, estabelece que a universidade pagará US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 319 milhões) ao governo norte-americano. Desse total, US$ 30 milhões (cerca de R$ 167 milhões) serão pagos em forma de multa ao longo dos próximos três anos, enquanto os outros US$ 30 milhões serão investidos em programas de pesquisa agrícola.
Os investimentos em pesquisa agrícola terão como objetivo principal reduzir custos de produção e aumentar a eficiência das fazendas americanas, um setor de interesse tradicional do governo Trump.
Transparência nas admissões e clima no campus
Além das compensações financeiras, a Universidade Cornell assumiu compromissos significativos em termos de transparência. A instituição se comprometeu a fornecer dados anonimizados sobre admissões de estudantes de graduação, que serão auditados pelo governo federal.
Outra disposição importante do acordo determina que a universidade realizará pesquisas anuais para avaliar o clima no campus para estudantes com ascendência judaica. Esta medida reflete preocupações anteriores do governo Trump sobre supostos casos de antissemitismo em universidades da Ivy League.
Contexto político e precedentes
Este acordo segue o mesmo modelo de negociações estabelecidas recentemente entre o governo Trump e outras instituições de ensino superior de elite. Em julho, a Universidade Columbia concordou em pagar mais de US$ 220 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para evitar cortes massivos no financiamento federal.
A diferença significativa no caso de Cornell é que não haverá monitoramento externo para garantir o cumprimento das medidas acordadas, conforme estabelecido no documento final.
Em carta à comunidade acadêmica, o presidente de Cornell, Michael Kotlikoff, afirmou que as negociações ocorreram em "boa fé" e que o resultado "reconhece o compromisso do governo com a aplicação das leis antidiscriminação, ao mesmo tempo em que preserva a liberdade acadêmica e a independência institucional".
Do lado governamental, a secretária de Educação, Linda McMahon, celebrou o acordo como "mais uma vitória contra políticas divisivas de diversidade e inclusão". Um porta-voz da Casa Branca classificou o desfecho como "grande conquista" para os estudantes americanos.
Como contrapartida ao cumprimento dessas condições, o governo Trump se comprometeu a restabelecer imediatamente todos os financiamentos suspensos e a arquivar as investigações de direitos civis que envolviam a universidade.