
Parece que a conta não fechou — e dessa vez, o prejuízo é das crianças. Mogi das Cruzes e Suzano, duas das maiores cidades do Alto Tietê, ficaram aquém da meta estabelecida pelo governo federal para alfabetizar pequenos de até 7 anos. Os números, divulgados nesta segunda, mostram uma realidade que vai na contramão do que se espera para o futuro da educação.
Não é segredo que alfabetizar na idade certa é crucial. Mas, entre o discurso e a prática, há um abismo que poucos se dispõem a atravessar. Em Mogi, apenas 68% das crianças atingiram o nível esperado — longe dos 75% projetados. Suzano? Pior ainda: 65%. Um tombo e tanto para regiões que, em tese, teriam estrutura para fazer melhor.
Onde está o problema?
Conversando com professores da rede pública, a história ganha nuances. "A gente vê de tudo: falta de material, turmas superlotadas, pais que não acompanham", desabafa uma educadora que preferiu não se identificar. E não é só isso. A pandemia deixou cicatrizes — muitas crianças sequer tinham segurando um lápis antes de entrar na escola.
- Falta de formação continuada para professores
- Infraestrutura escolar precária em algumas unidades
- Dificuldade de envolvimento familiar no processo
E tem mais: "Quando a criança chega sem o básico em casa, a gente tem que fazer milagre com o pouco que tem", completa outra professora, esgotada. A situação é tão crítica que, em algumas escolas, os educadores usam até material reciclado para ensinar — criatividade no limite.
E agora?
Secretários de educação das duas cidades prometem mudanças. "Estamos revendo os métodos e investindo em formação", diz o representante de Mogi. Já em Suzano, falam em parcerias com universidades. Mas será que isso basta? Especialistas ouvidos pelo G1 são céticos: "Sem investimento maciço e mudança estrutural, vamos continuar patinando", dispara uma pedagoga.
Enquanto isso, pais como a dona Maria, 32, vivem no desespero: "Meu filho tá no 3º ano e mal consegue ler o cardápio do lanche". Uma geração inteira está pagando o preço por um sistema que, parece, ainda não acordou para a urgência do problema.