
Não é exagero dizer que Porto Alegre respira literatura. Uma pesquisa recente colocou a capital dos gaúchos no topo do pódio quando o assunto é acesso a livros no Brasil — e os números são impressionantes.
Enquanto muitas cidades enfrentam dificuldades para manter bibliotecas abertas, os porto-alegrenses têm à disposição uma rede de mais de 40 bibliotecas públicas (sem contar as particulares, que são tantas que ninguém sabe ao certo quantas existem). Para quem gosta de ler, é como estar num buffet infinito de palavras.
O segredo? Uma combinação que dá certo
O que faz de Porto Alegre essa meca literária? Segundo especialistas, são vários fatores que se misturam:
- Bibliotecas em cada canto — tem desde as tradicionais até as mais modernas, com acervos digitais
- Feiras de livro que são tradição — a Feira do Livro de Porto Alegre é a maior a céu aberto da América Latina, sabia?
- Incentivo à leitura desde cedo — projetos nas escolas fazem as crianças pegarem gosto pelos livros
E não para por aí. A cidade tem uma média de 1 livraria para cada 10 mil habitantes — número que deixaria muitas metrópoles com inveja. "É cultural", diz a professora Ana Lúcia, que há 15 anos leva seus alunos para conhecer as bibliotecas da cidade. "Aqui, livro não é artigo de luxo."
E o resto do Brasil?
O estudo — que analisou dados de todas as capitais — mostra que, depois de Porto Alegre, vêm Curitiba e Florianópolis no ranking. Mas a diferença é considerável. Enquanto na capital gaúcha você encontra um ponto de venda ou empréstimo de livros a cada 1,5 km, em outras cidades essa distância pode chegar a 5 km ou mais.
E tem mais: os porto-alegrenses emprestam, em média, 3 livros por mês nas bibliotecas públicas. É o dobro da média nacional! Parece que o frio do inverno combina mesmo com uma boa leitura...
Será que outras cidades podem aprender com o exemplo? Especialistas acreditam que sim, mas alertam: não adianta só construir bibliotecas. "Tem que criar o hábito, fazer da leitura parte do dia a dia", explica o sociólogo Carlos Mendes. E Porto Alegre parece ter entendido isso como poucas.