
Imagina só: você finalmente realiza o sonho de conhecer uma das Maravilhas do Mundo, e de repente, aquele cenário de cartão-postal vira uma armadilha sem saída. Foi exatamente isso que aconteceu com uma turista brasileira — cujo nome preferiu não ser divulgado — na última quarta-feira (17). O que era para ser o ápice de uma viagem aos Andes se tornou um verdadeiro calvário de 35 horas intermináveis dentro do sítio arqueológico de Machu Picchu.
O motivo? Uma onda de manifestações e conflitos violentos que eclodiram no Peru, isolando completamente a região. De uma hora para outra, trens pararam, estradas foram bloqueadas e o acesso à cidade vizinha, Águas Calientes, foi simplesmente cortado. E ela, claro, estava do lado de dentro.
“Parecia filme de terror”, desabafa a brasileira
Em entrevista por mensagem de áudio — já que o sinal de telefone era praticamente inexistente —, a viajante contou detalhes assustadores. “Um misto de pânico e frustração. A gente via os helicópteros sobrevoando, mas só para retirar estrangeiros de outras nacionalidades. Nós, brasileiros, ficamos completamente largados”.
E não foi pouco tempo. Trinta e cinco horas. Mais de um dia inteiro presa em um local com recursos limitados, sem saber como ou quando sairia dali. Segundo ela, a sensação era de abandono total pelas autoridades locais. “Nenhum suporte, nenhuma informação clara. Só o silêncio e o medo de que a situação piorasse”.
O desespero foi tomando conta
Com restaurantes fechados e opções de alimentação escassas, o grupo de turistas presos começou a se organizar. “A gente dividia o que tinha. Água, barrinha de cereal, qualquer coisa. Mas o pior mesmo era o psicológico. Você fica pensando: e se isso aqui virar um caos generalizado?”.
Familiares no Brasil, alucinados, tentavam a todo custo obter informações através da embaixada e do Itamaraty. Mas as respostas eram sempre as mesmas: vagas, burocráticas, e sem qualquer prazo concreto de resolução. “Foi um teste de resistência emocional que nenhum turista deveria passar”, completou.
Somente na manhã de quinta-feira (18) é que uma brecha nos bloqueios permitiu que um grupo — incluindo a brasileira — fosse retirado do local sob escolta. Aliviada, mas ainda abalada, ela segue agora para Cusco, de onde deve embarcar de volta ao Brasil. Mas a experiência, garante, deixou marcas. “Machu Picchu é lindo, inesquecível. Mas também se tornou o palco do pior dia da minha vida”.
E aí, hein? Você se imagina numa situação dessas? O caso reacende o debate sobre a segurança de brasileiros no exterior e a efetividade dos canais de apoio em crises internacionais. Uma coisa é certa: viajar é bom, mas imprevistos assim mostram que até os sonhos mais planejados podem virar de cabeça para baço.