Esquema ilegal é flagrado em agência do INSS em Brasília
Uma investigação do Jornal Nacional revelou uma prática ilegal que vem ocorrendo na porta de uma agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Brasília. Pessoas identificadas como "puxadores" estão abordando segurados com promessas de acelerar a concessão de benefícios, em uma clara tentativa de golpe.
Como funciona o esquema dos puxadores
A equipe do Jornal Nacional presenciou a atuação desses indivíduos em frente à unidade de perícia médica do INSS no centro de Brasília. Em uma das abordagens flagradas, uma mulher oferecia os serviços de uma suposta advogada. Ela garantia acesso privilegiado ao sistema e capacidade de verificar se pedidos de perícia haviam sido negados.
"Se ela quiser ir lá, a gente já olha o resultado. O honorário do doutor é 30% causa ganha", afirmou a puxadora em conversa com um produtor do JN que se passou por segurado.
Em outra abordagem, um homem oferecia um cartão de contato de outro suposto advogado, prometendo resolver tudo relacionado a BPC e Previdência, também cobrando 30% do valor do benefício como honorários.
Negativa e agressão quando confrontados
No dia seguinte às filmagens, quando a equipe retornou ao local para confrontar a puxadora, ela negou qualquer envolvimento com serviços advocatícios. "Não tem advogado aqui, não", afirmou categoricamente.
A situação escalou quando um homem abordado pela reportagem partiu para a agressão, obrigando a equipe a registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
INSS e OAB se posicionam contra a prática
O INSS admitiu que o assédio dos puxadores acontece em agências em todo o país, colocando os segurados em situação de vulnerabilidade. Gilberto Waller Júnior, presidente do INSS, foi enfático ao condenar a prática.
"Esses puxadores não são regulamentados por nada. Eles não são advogados. Na verdade, são muitas vezes criminosos que estão ali para poder tirar, para poder enganar os nossos segurados", declarou Waller.
O presidente reforçou que não existem atalhos para acelerar benefícios e orientou os segurados a usarem o aplicativo Meu INSS ou agendarem atendimento presencial através dos canais oficiais.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se manifestou, repudiando a captação irregular de clientela e classificando a oferta de serviços advocatícios por puxadores como infração ética grave.
Prazo para reclamações é prorrogado
Em desenvolvimento paralelo, o governo federal prorrogou até 14 de fevereiro de 2026 o prazo para aposentados e pensionistas reclamarem sobre descontos indevidos nos benefícios do INSS. A contestação pode ser feita pelo aplicativo Meu INSS, na Central 135 e nos Correios.