O Palácio do Planalto retomou as discussões sobre a possível revogação da chamada "taxa das blusinhas", medida que impõe 20% de Imposto de Importação sobre compras online do exterior de até 50 dólares. A hipótese, considerada populista, ganhou força na Secretaria de Comunicação Social (Secom) enquanto setores do Congresso também buscam emplacar o fim da cobrança.
Estratégia política para 2026
O movimento no Planalto ocorre com vistas às eleições de 2026, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já anunciou que buscará a reeleição. A avaliação dentro do governo é que, se há potencial político a ser capitalizado com a medida populista, o benefício deve ir para Lula e não para o Parlamento.
A retomada do assunto na Secom acontece em 15 de novembro de 2025, em paralelo às discussões no Congresso Nacional. O objetivo seria criar um fato novo capaz de impulsionar os índices de popularidade do presidente na virada para o ano eleitoral.
Resistência no Congresso e impactos econômicos
O deputado Zé Neto (PT-BA), vice-presidente de articulação política da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, demonstrou ceticismo em relação ao "zunzunzum" no Planalto sobre o fim da taxa. O parlamentar petista alertou que a medida poderia prejudicar especialmente pequenas e médias empresas dos setores têxtil e calçadista.
"Você ganha de um lado, mas perde de outro", afirmou Zé Neto em entrevista ao Radar. O deputado destacou ainda que grandes empresas de comércio eletrônico, como Shein, Shopee e Alibaba, estabeleceram estrutura logística no Brasil após a implementação do programa Remessa Conforme, da Receita Federal, e da taxa de 20%.
Mudanças no cenário do e-commerce
Segundo análise de especialistas, o cenário atual é diferente de 2023, quando a taxa foi inicialmente implementada. A Shein, uma das empresas mais afetadas pela medida, foi obrigada a se adaptar ao novo marco regulatório brasileiro.
Zé Neto reforçou que, no contexto atual, nem mesmo as grandes plataformas internacionais teriam interesse na revogação da cobrança, uma vez que já realizaram investimentos significativos para se adequarem às regras vigentes.
O imposto de 20% sobre importações de até US$ 50 foi instituído em 2023 e rapidamente apelidado de "taxa das blusinhas" por afetar principalmente compras de roupas e acessórios em plataformas internacionais. Agora, tanto o Planalto quanto o Congresso avaliam os prós e contras de sua revogação em um ano crucial para a política nacional.