B3 tem arrancada histórica em 2025 com Ibovespa a +30%, mas IPOs seguem travados
Bolsa brasileira dispara 30% em 2025, mas IPOs não voltam

O ano de 2025 ficará marcado como um período de forte recuperação e recordes para a bolsa de valores brasileira, a B3. Após um 2024 desafiador, o principal índice do mercado, o Ibovespa, deu uma guinada impressionante, fechando o ano com uma valorização na casa dos 30%. O desempenho reverteu completamente a queda de 10% registrada no ano anterior e surpreendeu até os analistas mais otimistas.

O motor estrangeiro e a sequência histórica de altas

O grande responsável por essa arrancada foi o retorno massivo do capital estrangeiro. Após um período de cautela, investidores de fora voltaram a apostar no Brasil, injetando um volume expressivo de recursos. Até meados de dezembro, o saldo líquido das aplicações estrangeiras na B3 acumulava a cifra de R$ 21,5 bilhões.

Esse influxo de dinheiro do exterior foi o combustível para um momento particularmente emblemático: entre o final de outubro e 11 de novembro, o Ibovespa registrou quinze altas consecutivas. Uma sequência positiva tão prolongada não era vista desde o distante ano de 1994, destacando o vigor do movimento de alta.

O outro lado da moeda: fuga local e juros elevados

Enquanto os estrangeiros compravam, um importante grupo de investidores institucionais brasileiros fazia o movimento oposto. Fundos de pensão e seguradoras, que tradicionalmente têm um perfil mais conservador, migraram seus recursos para a renda fixa, atraídos pelos juros elevados. A taxa Selic encerrou 2025 em 15% ao ano, um patamar muito atrativo para aplicações menos arriscadas.

Essa migração resultou em uma retirada líquida de aproximadamente R$ 50 bilhões da bolsa por parte desses grandes investidores até meados de dezembro. Parte desses papéis foi absorvida pelos investidores pessoa física, que, demonstrando resiliência, aportaram cerca de R$ 4,8 bilhões na B3 ao longo do ano.

O grande desafio: a janela de IPOs que não se abre

Apesar do excelente desempenho do índice e da volta dos estrangeiros, um importante termômetro do mercado de capitais permaneceu congelado: as ofertas públicas iniciais (IPOs). A última empresa a abrir capital na B3 foi em 2021, no auge da pandemia. De lá para cá, o número de companhias listadas só diminuiu.

Em 2025, 29 empresas deixaram a bolsa, reduzindo o total de listadas para 358, bem distante do recorde de 463 alcançado há quatro anos. O rali do Ibovespa, por si só, não foi suficiente para reacender o interesse das empresas em realizar novas emissões de ações.

Analistas são unânimes em apontar que, para o ciclo virar de vez e a janela de IPOs ser reaberta, é necessário mais do que um mercado acionário em alta. A condição fundamental é a consolidação de um ambiente macroeconômico mais estável, com clara demonstração de equilíbrio nas contas públicas e uma trajetória sustentável de queda da taxa de juros. Somente com esse pano de fundo de confiança e previsibilidade as empresas voltarão a enxergar a bolsa como uma via atrativa de captação.

O cenário global em 2025 também colaborou, com os principais índices de Wall Street, como S&P 500 e Nasdaq, registrando avanços médios de cerca de 20%. No entanto, o desafio brasileiro para 2026 é interno: transformar o otimismo do mercado acionário em confiança estrutural, capaz de reaquecer todo o ecossistema de capitais, incluindo as tão aguardadas novas aberturas de capital.