Uma verdadeira maré de consumidores do Acre transformou as ruas e lojas de Cobija, na Bolívia, em um ponto de peregrinação comercial às vésperas do Natal. Cruzar a fronteira virou um ritual consolidado para famílias de diversas cidades do Vale do Acre, que buscam na vizinha Cobija preços mais atrativos e uma variedade maior de produtos para as celebrações de fim de ano.
Movimentação intensa e satisfação dos consumidores
O fluxo aumentou significativamente nos últimos dias, com filas e corredores de lojas completamente tomados. A empresária Jaqueline Lima foi uma das que decidiram fazer a pesquisa de preços do outro lado da fronteira. Ela relatou que aproveitou a viagem para garantir os presentes da família. “Trouxe as crianças para dar uma pesquisada, para ver como é que estão os preços e presentear no Natal os familiares e os filhos”, contou.
A estudante Sinara Ingrede também se juntou ao movimento no último fim de semana e ficou positivamente surpresa. “A gente veio buscar umas compras, presentes de fim de ano, e está muito bom os preços. Eu me surpreendi. Há várias lojas em que a gente é super bem atendido e tem qualidade”, afirmou.
Impacto positivo para o comércio boliviano
Do lado de lá da fronteira, os comerciantes de Cobija sentem diretamente o impacto econômico da invasão pacífica de acreanos. O lojista Bruno Valencia confirmou que a maioria dos clientes em sua loja são brasileiros do Acre, um fenômeno que mantém as vendas aquecidas mesmo diante da desvalorização da moeda boliviana.
“Está muito movimentado. Mesmo com as crises que a Bolívia vem passando, tem bastante movimento. Todo mundo está procurando brinquedos, aparelhos de tecnologia, um monte de coisas”, explicou Valencia. Ele destacou que a diferença cambial continua sendo um grande atrativo e até gera situações típicas de pechincha. “A moeda baixou bastante em relação ao real, então eles vêm aproveitar os preços mais em conta. E eles são bons para pedir desconto, muito desconto eles querem e a gente sempre dá”, completou.
Expectativa para o futuro
A perspectiva para os empresários de Cobija é de que esse fluxo intenso de compradores brasileiros não seja passageiro. A expectativa no comércio local é que o movimento se mantenha alto, com projeções de continuidade até o final de 2025. A tradição de cruzar a fronteira para as compras de fim de ano parece ter se estabelecido como uma vantagem econômica para ambas as partes: os acreanos encontram bons negócios e os comerciantes bolivianos garantem um faturamento robusto na reta final do ano.