
Olha só que reviravolta no cenário econômico. O governo federal, numa jogada que pegou muita gente de surpresa, está tirando da gaveta um plano audacioso — e, vamos combinar, um tanto polêmico. A ideia? Criar uma nova empresa estatal com um propósito muito específico: dar sobrevida à combalida indústria naval brasileira.
A situação é crítica, não vou nem exagerar. A demanda por navios-plataforma, those giants dos mares, disparou. Só que os estaleiros nacionais… bem, estão numa fase mais para o 'encalhe' do que para o 'lançamento ao mar'. A Petrobras, maior freguesa do setor, precisa de embarcações ontem, mas esbarra numa capacidade de produção que simplesmente não existe mais.
O Fantasma do Passado e uma Janela de Oportunidade
Quem viveu os anos 2000 lembra bem. A indústria naval era uma máquina de gerar empregos e movimentar a economia. Depois? Veio a crise. Operação Lava Jato. Estaleiros fechando as portas. Um desmonte que deixou um vazio gigantesco.
Eis que o cenário mudou de novo. Com o pré-sal pulsando forte e a demanda por óleo e gás em alta, a conta não fecha. Não há quem construa os navios de que o país precisa. A solução importada esbarra em custos astronômicos e, claro, naquela velha questão: por que não reativar nossa própria capacidade?
— É uma janela de oportunidade única, mas que se fecha rápido — me disse um analista que prefere não se identificar. — O governo quer pegar esse bonde, mas o trilho tá enferrujado.
Como Funcionaria a Nova Estatal?
O modelo em discussão é engenhoso, até. A tal empresa não seria dona de estaleiro nenhum. Ela atuaria como uma âncora, uma grande compradora. faria as encomendas de embarcações — plataformas, sondas, navios de apoio — e repassaria a construção para os estaleiros privados, nacionais ou internacionais.
- Ela daria a garantia de demanda, o que reduz o risco para as empresas.
- As embarcações seriam depois alugadas ou vendidas para Petrobras e outras companhias.
- O foco seria em fomentar a cadeia nacional de suprimentos, gerando empregos aqui dentro.
Nada mal, né? Mas, é claro, não é tão simples. O fantasma da má gestão e do custo Brasil assombra qualquer projeto desse porte. Será que aprendemos com os erros do passado?
Os Obstáculos no Caminho
Dinheiro. Essa é a primeira pedra no sapato. Estamos falando de investimentos na casa dos bilhões de reais. De onde sairia essa grana? O Tesouro Nacional já não está precisando de mais despesa, certo? A solução pode passar por fundos soberanos ou parcerias público-privadas, mas o buraco é mais embaixo.
E tem outro detalhe crucial: mão de obra qualificada. O know-how da época de ouro se perdeu, se aposentou, migrou para outros setores. Recuperar isso leva tempo. Muito tempo.
— É um projeto para daqui a 10, 15 anos — arrisca um especialista do setor. — A pergunta é: estamos dispostos a esperar?
Enquanto isso, a conta do aluguel de embarcações estrangeiras só sobe. Um contrato recente da Petrobras, pasmem, chegou a quase um milhão de dólares… por dia. É dinheiro saindo do país para um serviço que, em tese, poderíamos fazer aqui.
No final das contas, a decisão é mais política do que técnica. Envolve visão de longo prazo, paciência e, claro, um risco enorme. Mas o preço de não fazer nada pode ser ainda maior. O mar está aberto. Resta saber se vamos navegar ou ficar olhando da praia.