Um clima de luto e tensão toma conta do assentamento Vitória, localizado em Mirassol D'Oeste, Mato Grosso, após um protesto contra uma ordem de despejo que resultou em confrontos com a polícia e deixou a comunidade em estado de profunda consternação.
Manifestação termina em confronto e trator incendiado
Na última terça-feira (5), a tensão chegou ao ápice quando cerca de 300 famílias do assentamento se reuniram para protestar contra a ordem de reintegração de posse emitida pela Justiça. O ato, que começou pacífico, rapidamente se transformou em um cenário de confronto direto com as forças policiais.
"Estamos vivendo um luto", desabafa Eliane de Oliveira, representante do assentamento, em entrevista ao g1. "É uma situação muito triste ver as pessoas que lutaram tanto por um pedaço de terra agora sendo ameaçadas de perder tudo."
Incêndio e resistência
Durante os protestos, os manifestantes queimaram um trator que estava na área, um símbolo da disputa pela terra. As chamas representavam a fúria e a desesperança de famílias que há anos cultivam a região e agora enfrentam a possibilidade real de despejo.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar as chamas, enquanto a Polícia Militar precisou reforçar o efetivo para conter os ânimos exaltados. Não há informações sobre feridos, mas o clima permanece carregado na região.
Histórico da disputa pela terra
O assentamento Vitória tem uma história longa e complexa:
- Área de aproximadamente 2.000 hectares
- Abriga cerca de 300 famílias há mais de uma década
- Terra objeto de disputa judicial há anos
- Famílias desenvolvem agricultura familiar de subsistência
A recente ordem judicial determinando a reintegração de posse acendeu o pavio de um conflito que vinha se arrastando silenciosamente nos gabinetes da Justiça.
Reações e próximos passos
Enquanto a poeira ainda não baixou completamente, a comunidade se organiza para buscar alternativas jurídicas e políticas. Líderes comunitários afirmam que não vão desistir da terra que consideram seu lar e sustento.
"Não estamos invadindo, estamos resistindo", defende outro morador que preferiu não se identificar. "Essa terra é nosso trabalho, nossa vida, nossa história."
O caso promete continuar gerando discussões sobre reforma agrária, direito à moradia e conflitos fundiários em Mato Grosso, estado marcado por históricas disputas por terra.