
Quem diria que aquele grupinho despretensioso do colégio, cheio de risadas e planos mirabolantes, iria se transformar em uma das parcerias de negócios mais sólidas da região? Pois é, às vezes a vida prega essas peças — das boas, claro.
João e Pedro — nomes fictícios, porque eles preferem manter o low profile — se conheceram aos 15 anos, numa dessas aulas intermináveis de matemática. Ele conta que o primeiro contato foi por causa de uma cola compartilhada (sim, aquele tipo de cumplicidade que só a adolescência permite).
Da sala de aula para o mundo dos negócios
Anos depois, já na faculdade de administração, os dois perceberam que aquela amizade tinha um potencial além das baladas e trabalhos em grupo. "A gente via que se completava", diz João, enquanto mexe no café — meio frio, diga-se de passagem. "Eu era o sonhador, ele o pé no chão. Juntos, a coisa funcionava."
Foi assim que nasceu a primeira ideia de negócio: um aplicativo para facilitar a vida dos calouros. Mal sabiam eles que aquela "coisinha simples" iria...
- Virar referência em 5 universidades
- Faturar R$ 2,3 milhões no primeiro ano
- Empregar 17 pessoas
Nada mal para quem começou dividindo um mísero sanduíche de presunto no intervalo das aulas, não?
Os perrengues que ninguém conta
Mas calma lá que não foi só flores. No primeiro mês, quase desistiram. "A gente brigou feio por causa de um código que não funcionava", ri Pedro, agora com humor. "Passamos a noite no escritório, um xingando o outro, até que... deu certo."
E esse talvez seja o segredo: a capacidade de transformar conflitos em soluções. Afinal, quem nunca discutiu com o melhor amigo por causa de trabalho? A diferença é que eles souberam canalizar essa energia.
O que os especialistas dizem?
Conversamos com a psicóloga empresarial Dra. Ana Lúcia Mendes, que explica: "Amizades de longa data trazem uma vantagem competitiva. Há confiança, história e um repertório compartilhado que acelera processos decisórios".
Mas ela alerta: "É preciso estabelecer limites claros entre o pessoal e o profissional. Muitas parcerias naufragam justamente por misturar as esferas".
João e Pedro concordam. Têm até uma "regra de ouro": nada de falar de trabalho nas happy hours. "A não ser que a gente esteja bêbado e tenha uma ideia genial", brincam, quase em coro.
E o futuro?
Planejam expandir para outros estados, mas sem pressa. "Queremos crescer, mas sem perder o que nos fez chegar até aqui", reflete João. Enquanto isso, continuam dividindo não só a empresa, mas aquela velha mesa no cantinho do escritório — a mesma que compraram juntos no início, quando o orçamento era mais apertado que calça jeans depois do Natal.