O fundador e presidente global do Nubank, David Vélez, utilizou o LinkedIn para responder a um ex-funcionário que criticou as recentes demissões na empresa. Em sua declaração, Vélez afirmou que alguns empregados confundiram um canal corporativo com rede social ou arquibancada de estádio.
Contexto das demissões
As declarações do executivo ocorrem em meio a uma série de críticas que o banco digital vem recebendo após dispensar 14 funcionários por justa causa desde a última semana. Doze dessas demissões aconteceram logo após uma transmissão interna onde o CEO anunciou o fim do trabalho remoto.
Outros dois funcionários foram demitidos após a empresa suspeitar de um plano para sabotar sistemas internos da fintech, conforme comunicado enviado à equipe.
Conflito durante anúncio do trabalho híbrido
A polêmica começou quando o Nubank convocou uma live para anunciar a transição do home office para o formato híbrido, que afetará aproximadamente 7.000 empregados. Durante a transmissão, os funcionários puderam se manifestar através do chat, momento em que ocorreram as reações que levaram às demissões.
Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários, afirmou estar em contato com a direção do Nubank desde sexta-feira (7) para marcar uma reunião emergencial e discutir as dispensas. Em sua publicação nas redes sociais, ela destacou que a mudança interfere diretamente na vida dos trabalhadores, exigindo adaptação, mudança de casa, de rotina e reorganização familiar.
Versões conflitantes
O ex-funcionário Rafael Calsaverini comentou o post da presidente do sindicato, alegando que o Nubank cultivou por anos a ideia de que confrontar a gestão da empresa é perfeitamente válido. Ele relatou que em seus cinco anos na empresa, viu mensagens bem mais agressivas que não resultaram em demissões.
Em resposta, Vélez argumentou que o ex-funcionário tinha pouca informação sobre o caso e questionou se ele aceitaria tal comportamento em sua própria casa.
Em nota oficial, o Nubank afirmou que não comenta casos individuais de desligamento, mas reforçou que preserva canais abertos para debate entre funcionários, porém não tolera desrespeito e violações de conduta.
Impacto da mudança para trabalho híbrido
A decisão sobre o fim do home office gerou centenas de interações dos funcionários em um site de perguntas e respostas criado pela empresa. Muitos trabalhadores manifestaram preocupação por morarem longe das cidades onde há escritórios do Nubank, tendo organizado suas vidas em torno do trabalho remoto.
Alguns funcionários mencionaram a falta de representatividade de pessoas de fora do Sudeste na instituição, argumentando que a decisão afeta desproporcionalmente quem não mora em São Paulo.
Expansão de escritórios e exceções
O Nubank anunciou que vai expandir seus escritórios para atender à demanda. Atualmente, a empresa possui unidades em:
- São Paulo (Pinheiros e Vila Leopoldina)
- Cidade do México
- Bogotá, Colômbia
Além disso, a fintech mantém três hubs de talentos em Montevidéu (Uruguai), Berlim (Alemanha) e Durham (EUA). Novos escritórios serão inaugurados em Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Buenos Aires (Argentina) e nas regiões metropolitanas de Washington (EUA), Miami e Palo Alto.
Algumas funções permanecerão remotas devido à natureza de seus trabalhos, incluindo:
- Xpeers (atendimento ao cliente)
- Investor help (investimentos)
- Ouvidoria
- Data labeling (rotulador de dados)
- Financial crime investigation
- Regulatory solutions
- Talent acquisition
Será possível solicitar exceções pessoais, como em casos de situações médicas específicas, que serão analisadas individualmente. O Nubank considerará critérios como senioridade, desempenho e distância do escritório, mas ressalta que as exceções serão raras.
Empregados elegíveis também poderão se inscrever para o programa de auxílio-realocação, que oferece suporte para mudanças quando necessário.