Não é exagero dizer que o cenário lembra um filme de ficção distópica — só que, infelizmente, é a pura realidade. Desde o amanhecer, uma multidão se aglomera em frente ao sindicato, num vai e vem que parece não ter fim. O motivo? Cancelar a tal da taxa sindical que, segundo relatos, foi cobrada de forma abusiva.
"Cheguei às 5h da manhã e só fui atendido depois do almoço", conta José, operário de 54 anos que preferiu não revelar o sobrenome. Ele, como tantos outros, perdeu um dia inteiro de trabalho — e de salário — para resolver o que deveria ser um direito básico.
O que está acontecendo?
A confusão começou quando diversos trabalhadores receberam cobranças indevidas em seus holerites. A taxa, que deveria ser opcional desde a reforma trabalhista de 2017, apareceu como obrigatória para muitos. Resultado: filas que dobram quarteirões e rostos cada vez mais cansados.
Alguns tentaram resolver online, mas esbarraram em sistemas travados ou mensagens enigmáticas. "Parece que fazem de tudo pra dificultar", reclama Maria, auxiliar de limpeza que já está há 4 horas na fila. Ela não está sozinha nessa frustração.
Os números do caos
- Mais de 3 mil pessoas atendidas apenas hoje
- Tempo médio de espera: 5 horas (mas tem quem espere o dobro)
- 15 guichês abertos para atender a demanda — claramente insuficiente
E enquanto isso, do lado de fora, vendedores ambulantes fazem a festa: água, café e salgados voam das bancas improvisadas. Até guarda-sóis para proteger do sol escaldante paulistano viraram negócio lucrativo.
O sindicato, por sua vez, alega "problemas técnicos" e promete agilizar os atendimentos. Mas os trabalhadores na fila não parecem muito convencidos. "Todo ano é a mesma novela", resmunga um senhor enquanto ajusta o chapéu contra o sol.
Será que não existe maneira mais humana — e menos caótica — de resolver essa situação? A pergunta fica no ar, assim como a poeira levantada pela multidão insatisfeita.
