Tebet critica Congresso e admite lentidão em controle de gastos
Tebet critica Congresso por lentidão fiscal

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fez duras críticas ao Congresso Nacional durante evento com líderes do setor financeiro realizado nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025. Em seu discurso no Almoço Anual dos Dirigentes de Bancos, a ministra admitiu que o governo não conseguiu avançar no ritmo necessário nas medidas de controle de gastos públicos.

Economia surpreende, mas reformas travam

Simone Tebet iniciou sua apresentação destacando que a economia brasileira tem surpreendido positivamente o mercado, analistas e até o próprio governo. Este cenário favorável ocorre em um momento peculiar, onde o Brasil mantém uma das taxas de juros mais altas do mundo.

"Fechamos esses 3 anos melhor do que começamos em janeiro de 2023", afirmou a ministra, acrescentando que a expectativa de PIB potencial não é mais de 1,5% e que "é preciso revisitar esses números".

Durante o evento promovido pela Febraban, que reuniu lideranças do setor financeiro, executivos bancários, ministros e representantes do Legislativo e Banco Central, Tebet defendeu que não se pode segurar o crescimento com medo da inflação.

Responsabilidade compartilhada com Congresso

Em um tom de confissão, a ministra reconheceu que o avanço do Brasil no campo do controle fiscal é lento e ainda não atingiu os objetivos planejados. "No quesito das reformas fiscais andamos muito mais lentamente do que precisávamos", admitiu.

No entanto, Tebet foi enfática ao dividir as responsabilidades: "mas nesse quesito é importante compartilhar as responsabilidades, muitas vezes tivemos os lobbies de outros poderes".

A ministra citou exemplos concretos de medidas que não avançaram no Congresso:

  • A PEC dos supersalários, que permanece parada
  • Atualizações no Benefício de Prestação Continuada (BPC)
  • A nova regra do Fundeb, que alocaria 20% dos recursos da União ao ensino em tempo integral

A implementação da nova regra do Fundeb traria uma economia de 15 bilhões de reais no Orçamento, segundo os cálculos do ministério.

Conquistas e alertas

Entre as ações bem-sucedidas do governo, Tebet celebrou a aprovação da Emenda Constitucional 136, que limita o pagamento de precatórios. "Evitamos o encontro com o shutdown", declarou, referindo-se ao apagão da máquina pública previsto para 2027.

A equipe do MPO buscou "a possível alternativa e saudável, que vai garantir a execução dos gastos enquanto os próximos governos buscam alternativas para a reforma do gasto", explicou a ministra.

Simone Tebet finalizou reforçando que "quando se fala de revisão de gastos, o Congresso também tem dificuldades em avançar", deixando claro que o desafio fiscal brasileiro requer esforços coordenados entre todos os poderes.