Em um movimento que impacta diretamente as contas públicas, o Partido Liberal (PL) sinalizou que não deve apoiar uma das principais propostas econômicas do governo Lula para 2025. O projeto que prevê um corte linear em benefícios e incentivos fiscais enfrenta resistência da maior bancada da Câmara dos Deputados em um ano marcado pelo cenário pré-eleitoral.
Posicionamento do PL em ano eleitoral
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), foi direto ao explicar o motivo da provável rejeição. Em declaração dada em 15 de dezembro de 2025, o parlamentar afirmou que "não dá para forrar o cofre do Lula em ano pré-eleitoral". A fala revela o cálculo político por trás da decisão, colocando a estratégia eleitoral à frente do apoio à medida do Executivo.
Cavalcante reconheceu, no entanto, que em um contexto diferente, fora do período eleitoral, a tendência do partido seria de oferecer votos favoráveis à proposta. Essa admissão indica que a oposição é mais de timing político do que uma rejeição de mérito permanente ao conteúdo do projeto.
Os detalhes da proposta e a pressão nos bastidores
A medida, considerada uma das prioridades do governo Lula no Congresso Nacional, busca realizar um ajuste fiscal através da redução de uma série de incentivos tributários. O formato de corte linear significa que a tesoura atingiria diversos setores da economia de uma vez, sem distinções iniciais.
Essa abrangência é justamente o que tem movimentado lobistas nos corredores do Congresso. Representantes de diversos segmentos econômicos que se beneficiam dos atuais regimes especiais estão em atividade intensa para tentar amenizar ou evitar os impactos da proposta, caso ela seja efetivamente votada.
Apesar da complexidade e da resistência organizada, ainda existe a possibilidade de o texto ser apreciado pelos parlamentares ainda em 2025, conforme apontado pelas informações iniciais.
Consequências e cenário político
A negativa do PL, partido com a maior bancada individual na Câmara, representa um obstáculo significativo para o governo. Sem o apoio da legenda, a administração Lula precisaria construir uma base de sustentação alternativa, negociando com outros partidos do centrão e até com parcelas da oposição.
O episódio ilustra como o ciclo eleitoral influencia decisões econômicas cruciais. A busca por popularidade e o temor de desgaste perto das eleições municipais de 2026 fazem com que partidos revisem seu apoio a medidas impopulares ou que possam ser usadas contra eles no pleito.
O desfecho desta disputa definirá não apenas a direção da política fiscal no curto prazo, mas também o grau de governabilidade que o Palácio do Planalto conseguirá exercer em um ano politicamente sensível.