
Não é brincadeira, não. Pela terceira vez consecutiva, aquele ânimo que move os donos de indústria no Brasil deu uma bela de uma escorregada. É o que aponta a Fundação Getulio Vargas (FGV): o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 1,2 ponto em agosto, fechando a casa dos 92,3 pontos. Um sinal amarelo que pisca com força — ou seria vermelho?
E olha, a coisa não para por aí. Quando a gente abre esse guarda-chuva de dados, vê que a situação é um tanto quanto complexa. O indicador que mede a percepção sobre o momento atual também não vai nada bem — na verdade, despencou 3,3 pontos. Já aquele que reflete as expectativas para os próximos meses, surpreendentemente (ou não), deu uma leve melhoradinha, subindo 0,8 ponto. Uma contradição? Talvez. Ou só o reflexo de um país que vive no sobressalto.
O Termômetro da Indústria e a Realidade Crua
Pra quem não tá familiarizado com esses índices, é o seguinte: quando o número fica abaixo de 100, significa que a desconfiança é maior que o otimismo. E adivinha? Estamos nessa fria desde maio de 2022. Quase um ano e meio no negativo! Isso diz muito sobre o clima que se instalou nos corredores das fábricas e nos escritórios de gestão.
— A gente sente no dia a dia. A incerteza é o prato principal — comenta um empresário do setor de autopeças, que preferiu não se identificar. E ele não é exceção.
E Afinal, Por Que Tanta Desconfiança?
Os especialistas da FGV apontam alguns vilões conhecidos nosso: a instabilidade política que ainda assombra alguns setores, os custos de produção lá em cima e uma demanda que não decola como se esperava. É como tentar dirigir com o freio de mão puxado.
E não para por aí. A indústria de transformação, que é o coração disso tudo, foi a que mais puxou a confiança pra baixo. Setores como o de máquinas e equipamentos também não ajudaram, mostrando quedas significativas. Só para ter ideia, a percepção sobre o nível de estoques piorou, e a avaliação sobre a situação atual das empresas… bom, melhor nem comentar.
E Agora, José?
Com a confiança em frangalhos, fica difícil esperar um investimento robusto ou a criação de novos postos de trabalho. É um ciclo: sem otimismo, segura-se o dinheiro. Sem dinheiro em circulação, a economia não esquenta. E sem economia aquecida… bem, você já entendeu.
Claro, sempre há quem veja o copo meio cheio. A melhora nas expectativas futuras, ainda que tímida, pode ser um sinal de que alguns enxergam luz — ainda que bem lá no fim do túnel. Mas, entre nós? É preciso mais do que esperança. É preciso ação.
O recado que fica é claro: o empresário brasileiro continua cauteloso. E quem pode julgá-lo? Em um cenário de tantas variáveis, esperar pelo melhor — mas se preparando para o pior — parece não ser apenas estratégia, mas uma questão de sobrevivência.