Os mercados financeiros internacionais iniciaram esta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, sob um clima de cautela e expectativa. Os principais índices futuros de Wall Street operavam em queda, pressionados pela ansiedade em torno da divulgação dos dados oficiais do mercado de trabalho dos Estados Unidos e por um renovado temor entre investidores sobre uma possível correção no setor de inteligência artificial.
Atenção Total aos Números do Emprego Americano
O grande evento do dia é a publicação do payroll de novembro, o relatório mensal que compila as estatísticas oficiais de emprego nos EUA. A divulgação ocorre em um contexto particularmente sensível. O governo americano não compilou os dados referentes a outubro devido ao shutdown (paralisação de serviços públicos), o que aumenta a importância dos números de novembro para entender a trajetória da economia.
O índice de desemprego chega ao mercado em um momento em que estatísticas recentes já apontam para uma importante desaceleração da economia americana. A conjuntura é marcada por incertezas e uma inflação que permanece acima da meta, efeito colateral da guerra tarifária iniciada pelo ex-presidente Donald Trump.
Vale destacar que a credibilidade do próprio payroll esteve em questão recentemente após acusações de interferência política do presidente americano no departamento de estatísticas. A suspeita surgiu porque os dados anteriores vinham consistentemente mostrando um enfraquecimento do mercado de trabalho.
O Fantasma da Bolha de IA e o Alívio Brasileiro
Paralelamente à tensão com os dados econômicos, investidores voltam a demonstrar receio de um estouro da chamada bolha de inteligência artificial. Esse sentimento ganha força mesmo sem nenhum anúncio concreto ou novidade negativa recente vinda das grandes empresas de tecnologia (big techs). A simples memória de ciclos anteriores de euforia e correção no setor tech parece ser suficiente para gerar profit-taking e movimentos defensivos.
Enquanto os futuros das bolsas americanas amanheciam no vermelho, um alívio vinha do ativo que representa o Brasil em Nova York. O EWZ, fundo de índice que replica as principais ações brasileiras negociadas nos EUA, operava em alta no pré-mercado, destacando uma desconexão positiva com o nervosismo internacional.
Cenário Doméstico: Copom Mantém o Tom Duro
Na Faria Lima, o dia também começou movimentado, com a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. O comunicado que detalha a decisão de manter a taxa Selic em 15% ao ano surpreendeu o mercado por ser mais duro no tom do que o esperado.
A linguagem firme fez com que parte dos investidores revisse suas projeções. Muitos agora adiaram suas expectativas para o primeiro corte de juros para depois do Carnaval de 2026. Por outro lado, cresce no mercado a percepção de que a Selic já cumpriu sua missão de guiar a inflação de volta para dentro da meta, especialmente em um momento em que a economia brasileira também dá sinais de perda de fôlego.
A grande questão que fica para investidores e analistas é se o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, e os demais membros do comitê estão abertos a mudar de ideia e sinalizar um alívio monetário mais cedo, caso a desaceleração econômica se acentue.
Agenda Econômica do Dia (16/12/2025):
- 8h (BR): Banco Central publica a Ata do Copom.
- 10h15 (BR): EUA divulgam pesquisa semanal ADP de emprego no setor privado.
- 10h30 (BR): EUA anunciam o payroll de novembro e as vendas no varejo de outubro.
- 11h (BR): O presidente Lula participa do Encontro Anual de Gestores da Caixa, em Brasília.