
Eis que a política comercial dá mais uma das suas voltas inesperadas. Do outro lado do hemisfério, em Washington, um grupo de senadores dos Estados Unidos resolveu cutucar a onça com vara curta – mas no bom sentido. E olha que a jogada é, no mínimo, intrigante.
Dois nomes de peso, o republicano Ted Cruz e o democrata Jeff Merkley, uniram forças – coisa rara nesses tempos polarizados – para protocolar um projeto que praticamente desfaz o nó que apertou as relações comerciais com o Brasil. A proposta? Jogar no lixo aquelas tarifas pesadíssimas que foram impostas sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio.
Não foi algo que aconteceu da noite para o dia. A gente vem sentindo o baque desde 2018, quando a então administração decidiu, do nada, aumentar os impostos de importação. A justificativa na época era uma só: segurança nacional. Um argumento forte, mas que sempre soou um tanto… forçado, para não dizer outra coisa.
O que está por trás dessa mudança de coração? Bom, os senadores alegam, e fazem questão de enfatizar, que o Brasil não representa – e nunca representou – qualquer tipo de ameaça real à segurança dos EUA. Pelo contrário. Eles enxergam o país como um parceiro estratégico fundamental, um aliado que merece ser tratado com respeito e não como adversário.
O que isso significa na prática?
Dinheiro. Muito dinheiro voltando para os cofres da indústria nacional. A retirada dessas tarifas abriria novamente as comportas do mercado americano, um dos maiores e mais importantes do mundo para os nossos produtos. É uma chance de ouro para reativar setores que ficaram meio encolhidos nos últimos anos.
Mas calma, que ainda não é hora de soltar foguete. Projeto de lei não é lei. Ele ainda precisa navegar pelas águas turbulentas do Congresso americano, passar por comissões, votações… é uma maratona legislativa que pode levar tempo. E convenhamos: o clima político por lá não está exatamente dos mais tranquilos.
Especialistas que acompanham o tema já começam a especular. Alguns veem a iniciativa como um sinal positivo, um primeiro passo para reatar um laço importante que ficou desgastado. Outros são mais céticos e preferem não cantar vitória antes da hora, lembrando que interesses protecionistas internos nos EUA ainda são muito fortes.
Uma coisa é certa: a notícia foi recebida com enorme otimismo por entidades do setor industrial daqui. Afinal, ninguém aguenta mais ficar refém de uma guerra comercial que, no fundo, não beneficia quase ninguém.
Resta agora esperar – e torcer – para que o bom senso prevaleça. Porque no fim das contas, comércio justo é como um bom tango: precisa de dois para funcionar.