
Não é todo dia que vemos duas potências econômicas darem as mãos contra um terceiro ator — mas quando acontece, o tabuleiro geopolítico estremece. A China, em um daqueles discursos que misturam diplomacia com firmeza, deixou claro: quer o Brasil como aliado na defesa de um comércio internacional mais justo. E o alvo? As políticas consideradas desequilibradas dos Estados Unidos.
"Estamos prontos para cooperar", disse o porta-voz chinês, com aquela serenidade típica de quem joga xadrez enquanto outros brincam de damas. O recado foi dado durante um encontro que, diga-se de passagem, teve mais subtramas que um romance russo — incluindo tensões recentes sobre tarifas e subsídios agrícolas.
O que está em jogo?
Para entender a jogada, precisamos falar de números:
- O Brasil exportou US$ 89,7 bilhões para a China em 2022
- Os EUA respondem por 18% do comércio global — com regras que muitos consideram "flexíveis" quando convém
- Soja, minério de ferro e petróleo lideram as trocas bilaterais
Não é só sobre dinheiro, claro. Há uma certa... como dizer? Cansanço coletivo com o que especialistas chamam de "unilateralismo disfarçado de multilateralismo". E o Brasil, com seu peso no agronegócio e recursos naturais, virou peça-chave nesse xadrez.
E os EUA nisso tudo?
Bom, Washington ainda não se manifestou — o que, convenhamos, é quase uma manifestação em si. A Casa Branca tem evitado falar em "guerra comercial", preferindo o termo "ajustes necessários". Mas entre nós: quando o segundo e o nono maiores PIBs do mundo começam a sussurrar alianças, alguém lá no Tio Sam deve estar afiando os ouvidos.
Curiosamente, o anúncio chinês veio dias após o Brasil sinalizar interesse em diversificar parceiros. Coincidência? Difícil crer. Como dizia um velho diplomata: "Na política internacional, coincidências são planejadas — só não sabemos por quem ainda".