
O clima nas exportadoras brasileiras? Gelado. Aquele tipo de frio que entra na espinha e faz todo mundo segurar a carteira. E o motivo todo mundo já sabe: o anúncio daquele tarifaço vindo dos Estados Unidos, que não deixou pedra sobre pedra na confiança do setor.
Um levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) – aquele que é o termômetro mais confiável do setor – mostrou uma queda de quase 20 pontos no Índice de Confiança do Exportador (ICE). Caiu de 56.6 em agosto para um mero 37.1 agora em setembro. Não é uma queda, é um tombo de arranhar o céu.
E olha, não é exagero. Pela primeira vez desde que começaram a medir essa parada, o índice mergulhou para abaixo da linha de 50 pontos. Traduzindo: o pessimismo não só chegou, como praticamente comprou o terreno e se instalou de vez.
O Que Isso Significa na Prática? Traduzindo o Economês
Os números são assustadores, mas o que eles realmente querem dizer para o Zé da fábrica e para a Maria do porto? É simples: o futuro próximo parece sombrio.
- Expectativas Desabaram: O subíndice que mede as expectativas para os próximos meses sofreu o golpe mais duro. Uma queda catastrófica de 26.4 pontos, indo de 61.5 para 35.1. É gente revendo todos os planos de expansão na hora.
- Demissões na Mira: Quase metade das empresas (45%) acredita que vai ter que reduzir o quadro de funcionários. Não é mais uma possibilidade remota; virou uma previsão concreta na mesa dos diretores.
- Investimentos Congelados: Que nada! Cinquenta e oito por cento dos empresários disseram que os planos de investir em novas máquinas, tecnologia e expansão foram pro beleléu. Vão ficar no modo 'espera pra ver'.
E não para por aí. A percepção sobre as condições atuais também deu um mergulho. Caiu 11.2 pontos, mostrando que o baque não é só na esperança do que vem por aí, mas também na dura realidade de hoje.
Não É uma Crise Qualquer. É uma Tormenta Perfeita
O pior de tudo? Essa não é uma crise isolada. O fantasma da recessão global ainda assombra todo mundo, os juros lá fora continuam altos e agora isso. O tarifaço americano foi a gota d'água para um setor que já estava com a corda no pescoço.
E tem mais um detalhe cruel: a indústria de transformação, que é o coração pulsante das nossas exportações de maior valor, foi a que mais se assustou. Seu índice de confiança despencou 22.2 pontos. É um sinal gravíssimo de que podemos perder competitividade justamente onde mais dói.
Parece exagero? Duvido. Quando um setor inteiro, de uma hora pra outra, para de acreditar no próprio futuro, o recado está dado. A bola agora está com os policymakers em Brasília. O que vão fazer para evitar que esse cenário pessimista vire uma profecia que se realiza sozinha?
Uma coisa é certa: o otimismo dos últimos meses evaporou feito água no deserto. E o preço, infelizmente, pode ser pago por todos nós.