
O clima na indústria brasileira anda mais pesado que caminhão carregado de ferro velho, mas o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, não só reconhece a tempestade como garante estar com guarda-chuva na mão.
Numa conversa franca — daquelas que raramente se vê por aí — ele desmonta peça por peça o discurso catastrofista que dominou o noticiário econômico nas últimas semanas. E olha que ele não usa meias-palavras.
O elefante na sala: a tal da "taxação"
Todo mundo falando disso, mas pouca gente realmente entendeu o que está em jogo. Brandão, com a paciência de quem já explicou isso umas mil vezes, detalha: a medida não é — repito, não é — um aumento generalizado de impostos.
"Isso aqui é ajuste fino", ele diz, enquanto enumera os 100 produtos que tiveram alíquotas majoradas. Soa pouco? Pois é exatamente o ponto: o impacto macroeconômico é mínimo, mas o sinal político é enorme.
E o coro dos descontentes?
Ah, a reclamação da indústria não pegou ninguém de surpresa. Mas o secretário traz um dado que faz a gente pensar: enquanto uns choram, outros 25 setores comemoram a medida. É como dizem por aí — onde um perde, outro ganha.
E tem mais: a equipe econômica trabalha num cronograma serrado para reduzir a tarifa de importação de outros 2.200 produtos até outubro. Alguém lembrou de mencionar isso?
O contraponto necessário
Num momento onde o pessimismo parece commodity em alta, Brandão solta uma que merece destaque: "O Brasil não pode abrir mão de usar todos os instrumentos de política comercial à disposição".
E faz sentido, quando você para pra analisar. Países desenvolvidos usam essas ferramentas o tempo todo — mas quando o Brasil resolve jogar no mesmo campo, vira polêmica. Conveniente, não?
Os números que ninguém mostra
Aqui vai um fato que pode surpreender: nos primeiros cinco meses deste ano, o superávit comercial brasileiro atingiu US$ 33,3 bilhões. Algo está muito errado? Porque soa como algo muito certo.
E tem a questão cambial — o real desvalorizado deveria, em tese, ajudar nossas exportações. Mas a indústria reclama mesmo assim. Difícil contentar todo mundo, né?
O futuro que se desenha
Longe de ser um mar de rosas, o cenário exige — nas palavras do secretário — "assertividade e pragmatismo". E ele deixa claro: o governo não vai recuar na política industrial, mas também não vai fechar os olhos para os excessos.
Uma linha tênue que exige equilíbrio de funambulo. Resta saber se a indústria vai comprar a briga — ou se vai continuar reclamando da arquibancada.
Uma coisa é certa: o debate está longe do fim. E pelo andar da carruagem, promete esquentar muito mais.