
Eis que o governo resolveu dar uma resposta — daquelas de fazer barulho — à recente escalada de tarifas imposta pelos Estados Unidos. Não deu outra: foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (2) uma Medida Provisória que não brinca em serviço. A iniciativa abre um crédito extraordinário de nada menos que R$ 30 bilhões. Uma grana preta, direcionada especificamente às empresas nacionais que exportam para o mercado americano.
A medida, diga-se de passagem, chega em um momento mais do que oportuno. O anúncio das novas tarifas por parte dos EUA deixou muita gente com o pé atrás — e com a planilha no vermelho. O crédito, então, funciona como uma espécie de colchão financeiro. Uma maneira de segurar a onda enquanto a poeira não baixa.
Como é que fica na prática?
Pois é. A grana não vai sair distribuindo para qualquer um. A MP estabelece critérios. Só poderão acessar a linha de crédito empresas que comprovem que sofreram impacto direto com a elevação das tarifas americanas. Ou seja: tem que ter histórico exportador, faturamento vinculado àquele mercado e, claro, prejuízo mensurável.
Não é esmola. É uma estratégia de sobrevivência — e de manutenção de competitividade. Afinal, como concorrer no jogo internacional com as regras mudando no meio do tempo?
Os pormenores que você não viu por aí
Além do valor — que é substancial —, a MP prevê prazos e condições especiais. Juros mais baixos que os de mercado, carência ampliada e um sistema de amortização que não estrangule o caixa das empresas. Parece coisa de pai coruja, mas é pura estratégia econômica. Manter as exportações aquecidas beneficia todo mundo: gera emprego, movimenta setores auxiliares e segura o famoso “dólar alto”.
Ah, e tem mais: a medida é emergencial. Vigora por tempo determinado — enquanto durar a turbulência tarifária. Passou o sufoco? O crédito extra se encerra. Simples assim.
Claro que há quem critique. Sempre há. Alguns especialistas já murmuram sobre o risco de inflação, ou de sobrecarregar os cofres públicos. Outros lembram que, no frigir dos ovos, quem paga a conta é sempre o contribuinte. Mas, convenhamos: entre fazer algo e cruzar os braços, a opção parece óbvia.
O fato é que o movimento do governo sinaliza uma postura ativa. Em vez de apenas reclamar ou esperar uma reversão milagrosa lá de Washington, partiu para a ação. Resta saber se a jogada vai dar certo — ou se será apenas um paliativo caro.
Enquanto isso, as empresas respiram aliviadas. Mesmo que por pouco tempo.