
Parece que não há freios. A conta do governo federal, aquela que no fim das contas todos nós pagamos, não para de subir. E como. Dados divulgados pelo Tesouro Nacional mostram que a dívida pública bateu na casa dos R$ 7,99 trilhões em julho. Um número de dar vertigem, não é mesmo?
Isso representa um salto e tanto: 1,14% apenas em relação a junho. Mas, quando você olha para os últimos doze meses, a coisa fica ainda mais séria – uma expansão de nada menos que 11%. Alguém aí ainda duvida que estamos numa montanha-russa fiscal?
O que compõe esse rombo monumental?
Não é tudo a mesma coisa. A Dívida Pública Federal (DPF) é dividida em dois blocos principais, e entender essa diferença é crucial.
A Dívida Interna é a maior parte do problema, respondendo por uma fatia colossal de R$ 7,899 trilhões. Ela é lastreada em títulos que o governo emite para financiar seus gastos – basicamente, pegando emprestado com investidores, bancos e até pessoas físicas.
Já a Dívida Externa ficou em US$ 99,49 bilhões, o que, convertido para nossa moeda, equivale a R$ 490,5 bilhões. Um valor expressivo, sem dúvida, mas que parece pequeno perto do montante interno.
E os juros nessa história toda?
Aqui é que a faca corta mesmo. Só no acumulado do ano, o governo já desembolsou a astronômica quantia de R$ 271,45 bilhões apenas com despesas relacionadas à dívida. Só em julho, foram R$ 44,9 bilhões saindo dos cofres públicos para cobrir esses encargos.
É um dinheiro que deixa de ir para saúde, educação e infraestrutura para pagar os juros de um passivo que não para de crescer. Uma escolha de prioridades, no mínimo, questionável.
O outro lado do balcão: os créditos do governo
Mas nem só de dívida vive o Tesouro. Por incrível que pareça, o governo também é credor. A chamada Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) leva em conta não apenas o que o governo deve, mas também o que têm a receber.
Esse indicador, considerado por muitos economistas como um termômetro mais fiel da saúde fiscal, ficou em R$ 5,95 trilhões em julho. Isso representa 53,8% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas produzidas no país.
Um alívio? Nem tanto. Apesar de ser um percentual menor que o pico da pandemia, ainda é um valor que preocupa e sinaliza um longo caminho pela frente até o equilíbrio.
O fato é que essa bola de neve fiscal não é um problema distante, de economistas de paletó. Ela se reflete nos juros altos, na inflação teimosa e no baixo crescimento que sufocam a economia real – o mercado, o emprego e, claro, o seu bolso.