Granizo arrasa cafezais em MG: produtores precisam agir rápido para garantir indenizações
Granizo em MG: cafeicultores devem agir rápido por indenizações

Imagine acordar com o som de pedras de gelo batendo no telhado — só que no seu sustento de meses. Foi o que aconteceu com dezenas de cafeicultores da região Sul de Minas esta semana, quando uma tempestade de granizo transformou lavouras promissoras em campos devastados.

"Parecia máquina de colheita ao contrário", desabafa João da Silva, produtor de 52 anos que perdeu 70% da safra em apenas 15 minutos de temporal. "Agora é correr contra o relógio."

O que fazer quando a natureza ataca

Primeiro: respirar fundo. Depois, pegar o celular e documentar tudo — fotos, vídeos, até áudios descrevendo os estragos. "Muita gente esquece que o emocional toma conta nessa hora", alerta a advogada especialista em direito agrário, Dra. Fernanda Costa. "Mas esses registros valem ouro nos processos de indenização."

Os passos cruciais:

  • 72 horas — Prazo máximo para notificar a seguradora (algumas exigem em apenas 24h)
  • Laudo técnico — Contratar engenheiro agrônomo registrado no CREA
  • Provas contemporâneas — Fotos com data e coordenadas geográficas

Curiosamente, muitos produtores nem sabem que têm cobertura — "Acham que seguro agrícola é só para grandes fazendas", comenta o corretor Marcos Ribeiro, enquanto mostra um contrato assinado por um cliente que sequer lembrava da apólice.

O drama dos pequenos produtores

Enquanto os grandes cafeicultores geralmente têm departamentos jurídicos, os pequenos ficam à mercê da burocracia. Dona Maria, 63 anos, cultiva 5 hectares há décadas: "Nem sei onde guardei aqueles papéis...".

Para esses casos, o sindicato rural local está oferecendo plantão emergencial — uma espécie de "SOS granizo" com assistência gratuita. "Já atendemos 37 famílias só hoje", comemora o presidente da entidade, visivelmente exausto.

Além do seguro: ajuda governamental

O Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) pode ser acionado paralelamente, mas atenção: os prazos são ainda mais rígidos. "Tem produtor que perde o direito por 24 horas de atraso", alerta o técnico do Ministério da Agricultura.

E não é só papelada — a natureza segue seu curso. Os cafezais atingidos precisam de poda emergencial em até 10 dias para evitar pragas. "É como cuidar de ferida aberta", compara o agrônomo Roberto Almeida, enquanto examina galhos quebrados.

Para quem está lendo isso em outras regiões: fiquem de olho na previsão. O fenômeno El Niño está trazendo surpresas desagradáveis neste inverno. Melhor prevenir do que chorar sobre café perdido.