
Numa daquelas cenas que parecem saídas de filme sobre desenvolvimento regional, o presidente Lula botou o pé na estrada — ou melhor, nos trilhos — pra conferir de perto o andamento das obras da Transnordestina no Ceará. E olha, o clima tava mais carregado que nuvem de chuva no sertão.
Nesta sexta (18), o mandatário desembarcou no Cariri cearense pra vistoriar um trecho da ferrovia que, diga-se de passagem, já virou até piada pronta de tão atrasada. Mas dessa vez, parece que o trem (literalmente) saiu do lugar.
"Tá andando, mas devagar"
Quem esperava discurso triunfalista se enganou. Lula, com aquela cara de quem já viu cada coisa nessa vida, admitiu: "Tem muito chão pela frente ainda". Mas deixou claro que a obra é prioridade — e isso já é alguma coisa, não é mesmo?
Entre uma explicação técnica e outra (que ele ouviu com a paciência de avô em reunião de família), o presidente destacou três pontos que fazem a Transnordestina valer o investimento:
- Vai escoar a produção agrícola do Nordeste como nunca antes
- Reduz custos de transporte pra indústria local
- Gera empregos diretos e indiretos na região
Não fosse o calor de 35 graus na sombra, dava pra ver os olhos dos prefeitos da região brilhando com as possibilidades.
O que falta pra terminar?
Aqui entra a parte complicada. Dos 1.728 km planejados, cerca de 60% estão prontos. O trecho entre Missão Velha e Salgueiro (PE) é um dos mais adiantados, mas... sempre tem um mas.
Falta licenciamento ambiental em algumas áreas, desapropriações travadas na justiça e — adivinha? — dinheiro. Semana que vem deve rolar uma reunião com os ministérios pra destravar recursos. Será que dessa vez vai?
Enquanto isso, os moradores locais, com aquela sabedoria popular que só o sertanejo tem, comentam entre si: "Melhor devagar e sempre do que parado e nunca". E não é que eles têm razão?