Correios negociam transferência de imóveis para Emgea em busca de R$ 20 bi
Correios transferem imóveis para Emgea por recursos

Plano de reestruturação dos Correios envolve transferência de imóveis

Os Correios estão analisando a possibilidade de repassar parte do seu patrimônio imobiliário para a Emgea (Empresa Gestora de Ativos), uma estatal federal. O objetivo principal é agilizar a venda desses bens e conseguir uma injeção imediata de recursos no caixa da empresa.

A medida foi confirmada por três fontes que acompanham as discussões e deve integrar o plano de reestruturação da empresa. Este plano é fundamental para a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões, que dará fôlego financeiro aos Correios neste ano e em 2026.

Como funcionará a operação com a Emgea

As negociações entre as duas empresas começaram em 30 de outubro, mas os detalhes ainda não foram totalmente definidos. A Emgea, criada em 2001 para administrar carteiras de crédito habitacional da Caixa com alta inadimplência, tem como principal ativo os créditos bilionários do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais).

No ano passado, a Emgea recebeu R$ 5,1 bilhões em créditos do FCVS, e no primeiro semestre deste ano, os ingressos somaram R$ 1,6 bilhão. Parte desses recursos contribuiu para melhorar consideravelmente o caixa da empresa, que encerrou junho com R$ 2,6 bilhões em reservas.

O modelo operacional prevê que os Correios repassarão um conjunto de imóveis à Emgea, que pagará antecipadamente uma parte do valor de avaliação - entre 20% e 30% do total da carteira oferecida. A Emgea terá um prazo para estruturar a operação e vender as propriedades, seja de forma direta ou por meio de fundo imobiliário.

Benefícios e comissões

Se a venda for concretizada por um valor superior ao previsto, a Emgea ficará com uma parcela do ganho como comissão por performance

Os Correios também poderão receber recursos extras durante o processo, dependendo dos valores efetivos de venda das propriedades. A intenção é usar esse modelo principalmente para imóveis em uso, cujo valor de avaliação pode ficar entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões.

Em nota oficial, os Correios confirmaram que o plano de reestruturação "contempla um programa de desinvestimento de ativos da empresa que hoje não têm uso ótimo", sem mencionar especificamente a Emgea. A estatal informou que a carteira de imóveis está sob avaliação para definir valores de mercado e verificar a aptidão para compor fundos imobiliários ou "outras soluções que permitam a alienação de imóveis ociosos".

Prazos e alternativas

A expectativa dos envolvidos é conseguir estruturar a operação com a Emgea até o início de 2026. Os Correios também consideram a possibilidade de criar um fundo imobiliário com ajuda da Caixa Econômica Federal, mas essa proposta não avançou significativamente nas últimas semanas.

Existem duas modalidades em estudo para o fundo imobiliário: vender imóveis ociosos para investidores, que ficariam com a rentabilidade futura da operação, ou utilizar o modelo de "leasing back", onde os Correios continuariam ocupando as instalações mediante pagamento de aluguel.

Os Correios pretendem fechar os detalhes do plano de reestruturação nas próximas duas semanas, mesmo prazo estabelecido para os bancos na nova rodada de negociação do empréstimo de R$ 20 bilhões. A primeira rodada de negociações contou com um sindicato de quatro bancos, mas as taxas de juros foram consideradas elevadas para um contrato com garantia soberana.