
Era pra ser mais um dia comum no antigo posto fiscal da BR-316, em Teresina — aquele lugar que já foi movimentado e agora parece cenário de filme pós-apocalíptico. Mas não. Na tarde de segunda-feira (28), uma cena no mínimo surreal roubou a cena: um carro oficial da Secretaria de Fazenda do Piauí, daqueles com adesivo do governo estampado na porta, apareceu fazendo... serviço de lixeiro irregular.
O vídeo — que já viralizou — mostra o tal veículo branco estacionado de qualquer jeito enquanto dois homens descarregavam sacos pretos cheios de deus-sabe-o-quê. Detalhe que faz doer o bolso do contribuinte: era um Chevrolet S10 0km, modelo 2024. Sim, um carro novo sendo usado pra isso.
"Não tô acreditando no que tô vendo"
Foi mais ou menos essa a reação do segurança que filmou tudo escondido. "No começo achei que era alguma ação oficial, sabe? Mas aí vi que tavam jogando lixo no mato e fiquei com a pulga atrás da orelha", contou ele, que preferiu não se identificar. E não é pra menos — o local virou ponto de descarte clandestino há tempos, mas ver a máquina pública fazendo parte da farra é de cair o queixo.
O pior? A área fica a menos de 2km da sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ironia ou falta de vergonha na cara? Difícil dizer.
E agora, José?
A Secretaria de Fazenda se enrolou toda pra explicar. Primeiro disseram que "vão apurar". Depois soltaram aquela clássica: "o veículo pode ter sido usado indevidamente por terceiros". Só esqueceram de mencionar quem seriam esses "terceiros" com chave de carro oficial no bolso.
- O carro estava em serviço ou desvio de função?
- Que tipo de resíduo foi descartado ali?
- Quantas vezes isso já aconteceu sem ser filmado?
Perguntas que — adivinhe — ficaram sem resposta. Enquanto isso, o Ministério Público já acordou pra situação e prometeu investigar. Mas convenhamos: não deveria precisar de vídeo viralizando pra coisa assim ser notada, não é mesmo?
No fim das contas, o que mais choca não é o lixo no mato — infelizmente, isso já virou paisagem no Brasil. É a naturalidade com que o patrimônio público é tratado como lixo, literalmente. E o pior? A gente paga a conta duas vezes: primeiro pelo carro, depois pela limpeza.