O governo federal reconhece que oito empresas estatais brasileiras enfrentam uma situação crítica em suas finanças, com possibilidade de problemas de caixa nos próximos meses. O alerta consta no Relatório de Riscos Fiscais da União, divulgado pelo Tesouro Nacional.
Déficit crescente preocupa governo
De acordo com o documento oficial, 27 empresas estatais controladas pela União apresentam riscos fiscais significativos. O déficit previsto para essas empresas deve aumentar dos atuais R$ 6,2 bilhões para R$ 6,7 bilhões no próximo ano, representando uma deterioração financeira preocupante.
Entre as empresas não financeiras, a situação é considerada especialmente grave para oito estatais. O Tesouro Nacional é direto ao afirmar que "não é descartada a possibilidade de que algumas enfrentem dificuldades de caixa" em um futuro próximo.
Quem são as empresas em situação crítica
As empresas identificadas como críticas no relatório incluem:
- Correios
- Casa da Moeda do Brasil
- Companhia Docas do Rio de Janeiro
- Companhia Docas do Ceará
- Companhia Docas do Pará
- Companhia Docas da Bahia
- Companhia Docas do Rio Grande do Norte
- ENBPar (controladora de Itaipu Binacional e Eletronuclear)
Crise no programa nuclear exige investimentos bilionários
A situação da ENBPar merece atenção especial. A estatal, criada para controlar Itaipu Binacional e a Eletronuclear, pode precisar de socorro financeiro do Tesouro Nacional nos próximos meses.
O problema central está na Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares de Angra 1, 2 e 3. A empresa demanda altos investimentos para Angra 1 e enfrenta a conclusão incerta de Angra 3. Estima-se que sejam necessários cerca de R$ 30 bilhões em investimentos para o setor nuclear.
Em 2023, o presidente Lula classificou a estatal como "estratégica" e determinou sua retirada do programa de privatização. No entanto, o governo atualmente não possui projeto definido nem recursos para investir no programa nuclear, deixando o setor em uma situação de limbo.
Desafios para a gestão federal
A crise nas estatais representa um desafio significativo para a gestão econômica do governo Lula. Com o Tesouro Nacional já pressionado por outras demandas fiscais, a necessidade de socorro financeiro a essas empresas pode comprometer ainda mais as contas públicas.
O relatório do Tesouro serve como um alerta vermelho para a administração federal, que precisa encontrar soluções urgentes para empresas consideradas essenciais para a infraestrutura e serviços do país.
