Última Homenagem a Mino Carta: Jornalista é Enterrado em São Paulo em Cerimônia de Despedida
Última homenagem a Mino Carta em São Paulo

O silêncio pesado do cemitério do Araçá, na tarde desta segunda-feira, só era quebrado pelo som discreto de passos e suspiros contidos. Era como se a própria cidade de São Paulo respirasse fundo para dizer adeus a uma de suas vozes mais importantes. Mino Carta, aquele homem de terno impecável e opiniões ainda mais afiadas, seguia em sua última jornada.

O caixão, coberto por flores brancas — simples, mas elegantes, como ele gostava — foi carregado por familiares e amigos próximos. Dá pra imaginar? Um homem que dedicou a vida às palavras, agora calado, cercado pelo amor mudo daqueles que tocou.

Uma vida entre linhas e histórias

Nascido na Itália, mas mais brasileiro que muito gente daqui, Mino não era só um jornalista. Era um instituição. Fundador da CartaCapital, ex-diretor de redação de veículos como Veja e IstoÉ, ele moldou o que a gente entende por imprensa crítica neste país. E olha, não eram poucas as vezes que ele botava o dedo na ferida — com classe, sempre com classe.

Morreu no último sábado, aos 92 anos. Noventa e dois! Quase um século de histórias, capítulos, editoriais furiosos e cafés bem tirados. A causa? Uma pneumonia. Aquela coisa sorrateira que pega até os mais fortes.

O adeus dos colegas

No velório, realizado no Hospital Sírio-Libanês, era nítido o peso da perda. Jornalistas, políticos, artistas… gente que cresceu lendo ele, gente que trabalhou com ele, gente que discutiu com ele. E cá entre nós, discutir com Mino era mais comum que concordar — mas sempre com um respeito que hoje parece coisa de outro mundo.

Ricardo Gandour, diretor da CartaCapital, tentou botar em palavras o que todos sentiam. "É uma perda irreparável", disse, com a voz um pouco embargada. Impossível não concordar.

Familiares pediram privacidade. Justo. Às vezes, o luto precisa de silêncio, não de discursos.

O legado que fica

Mino deixa mulher, filhos, netos. Mas deixa também uma lição: a de que jornalismo sério não é artigo de luxo, mas necessidade. Num tempo de notícias falsas e gritaria, a voz dele era farol. Às vezes a gente não gostava do que ouvia, mas nunca duvidava da seriedade por trás.

O corpo foi enterrado por volta das 16h. O sol já começava a se despedir, painting o céu de São Paulo com tons laranja e roxo. Poético, até. Adeus, Mino. E obrigado.