
Quem diria que uma simples estrada de terra, daquelas que mais parecem cenário de filme caipira, esconderia um tesouro gastronômico? Pois é, meu amigo. A uns 15 km do asfalto mais próximo, entre curvas sinuosas e poeira que gruda nos sapatos, surge um barracão colorido que virou ponto de peregrinação para quem ama boa comida.
Dona Marta, a cozinheira de mãos calejadas e sorriso fácil, nem imaginava que seu fogão à lenha — sim, lenha mesmo, dessas que estalam e deixam um cheiro de infância no ar — se tornaria famoso. "Aqui a gente não faz nada de muito", ela diz, enquanto vira uma farofa de banana que já está fazendo minha boca encher de água. "É só o que aprendi com minha avó, mas com um toque meu."
O Segredo? Nem Tão Secreto Assim
O cardápio muda conforme o dia — e o humor da cozinha. Segunda-feira é dia de feijoada que desmancha na boca; quinta traz um frango caipira com quiabo que até vegano pensa duas vezes. Mas o carro-chefe mesmo é o "Arremate de Ouro", um prato que leva de tudo um pouco: carne seca, linguiça caseira, ovos caipiras e um molho vermelho que... bem, melhor parar por aqui antes que você saia correndo pra lá.
O que mais impressiona? A simplicidade. Nada de técnicas moleculares ou ingredientes importados. Tudo vem dali mesmo: das hortas dos vizinhos, dos criatórios locais, até as panelas são aquelas de ferro pesado que nossas avós usavam. "Gourmet? Isso aí é coisa de cidade grande", ri Seu Zé, marido de Dona Marta, enquanto serve uma cachaça artesanal que — acredite — faz par perfeito com o doce de leite feito no tacho.
Fila, Poeira e Muito Sabor
Aos sábados, a cena é digna de reality show: carros estacionados no acostamento, gente esperando horas por uma mesa (sim, mesa — são umas quatro, com toalhas xadrez). Tem advogado de terno, família com criança no colo, motoqueiro com capacete ainda na cabeça. Todos unidos por um mesmo objetivo: provar o que muitos já chamam de "a melhor comida caseira do estado".
E olha que ninguém ali se importa com a falta de Wi-Fi ou o banheiro que fica atrás do pé de jabuticaba. O que vale é a experiência — e a certeza de que, em tempos de fast food e delivery, ainda existem lugares onde comida tem gosto de... bem, comida mesmo.