
O anúncio da saída de William Bonner do comando do Jornal Nacional deveria ter gerado uma enxurrada de manifestações públicas, certo? Errado. A realidade mostrou um silêncio que, para muitos, soou mais alto que qualquer discurso.
O que explica essa falta de reconhecimento público de colegas que trabalharam lado a lado com ele por décadas? A pergunta ecoa pelos corredores midiáticos e pelas redes sociais, criando um verdadeiro quebra-cabeça de relações profissionais.
Um vácuo de manifestações
Enquanto Bonner prepara sua saída gradual — deve deixar a bancada em outubro, mas permanecer na Globo até julho de 2025 —, o que se vê é um quase completo blackout de mensagens públicas. Nem mesmo Renata Vasconcellos, sua parceira de bancada há nove anos, quebrou o silêncio publicamente. Curioso, não?
Nas redes sociais, então, a situação beira o inexplicável. Nada nas contas oficiais do Jornal Nacional ou de seus principais colegas. Algo realmente incomum para um profissional que há 28 anos define a cara do principal noticiário do país.
As possíveis razões por trás do silêncio
Especialistas em cultura corporativa apontam algumas possibilidades — e nenhuma delas é exatamente simples. A Globo sempre foi uma máquina de comunicação extremamente controlada, onde cada gesto público é cuidadosamente coreografado.
Há quem diga que a emissora possa estar preparando uma grande homenagem oficial, tornando manifestações individuais desnecessárias. Outros sussurram sobre possíveis tensões internas ou até mesmo uma certa… como dizer… inveja profissional? Difícil saber.
Não podemos ignorar também o fator Bonner himself. O jornalista sempre foi extremamente discreto e avesso a holofotes excessivos — talvez prefira assim, quem sabe?
Comparações que não mentem
O contraste com outras despedidas é gritante. Quando Fátima Bernardes deixou o Encontro, a comoção foi geral. Mesmo na Globo News, a saída de Pedro Andrade gerou manifestações calorosas. A diferença salta aos olhos.
Até mesmo a saída de Carlos Nascimento, há anos, foi mais comentada internamente. Isso tudo alimenta especulações sobre o clima nos corredores da Globo.
O legado que fala por si
Independentemente do silêncio atual, uma coisa é incontestável: Bonner redefine o jornalismo televisivo brasileiro. São 28 anos à frente do JN, enfrentando crises políticas, pandemias, e transformações tecnológicas radicais.
Sua saída coincide com um momento delicado para o jornalismo tradicional — audiências em queda, concorrência digital feroz, e um público cada vez mais fragmentado. Simbólico, não?
Resta saber se o mutismo atual reflete apenas uma estratégia corporativa ou revela algo mais profundo sobre as dinâmicas de poder na televisão brasileira. O tempo — esse sim, sempre falante — dirá.