Gilberto Gil fala sobre luto e saudade em entrevista emocionante após morte de Preta
Gilberto Gil fala sobre luto após morte de Preta

Não é fácil seguir em frente quando o coração ainda está pesado. Gilberto Gil, um dos maiores ícones da música brasileira, deu sua primeira entrevista desde a trágica perda da filha, Preta Gil, e as palavras dele ecoam a dor que muitos conhecem — mas poucos sabem expressar.

"Ainda estamos nos acostumando com a falta", confessou o artista, com uma voz que misturava resistência e vulnerabilidade. Quem já perdeu alguém querido sabe: não existe manual para o luto, só dias que vão se arrastando até a saudade se tornar menos cortante.

O peso do silêncio e a música que cura

Entre um café frio e lembranças que insistiam em vir à tona, Gil falou sobre como a música — aquela mesma que o consagrou — tem sido ao mesmo tempo refúgio e desafio. "Às vezes pego o violão e sinto que as cordas puxam memórias", admitiu, como quem revela um segredo íntimo.

E não é que a gente se vira nos trinta pra encontrar conforto nas pequenas coisas? Ele contou que redescobriu o hábito de observar o pôr do sol na varanda — um ritual simples que ganhou novos significados.

O luto como processo coletivo

O que mais chama atenção é como Gilberto transformou sua dor pessoal numa reflexão quase antropológica sobre a perda. "No Brasil, a gente aprende desde cedo a conviver com a falta", filosofou, lembrando que nosso país carrega histórias de desaparecimentos políticos, violência urbana e agora, pandemias.

  • A rotina que insiste em continuar, mesmo quando o mundo parece ter parado
  • As homenagens espontâneas que surgem nas ruas e nas redes sociais
  • O jeito particular como cada membro da família está lidando com a ausência

E no meio disso tudo, uma verdade que dói: não existe prazo de validade para a saudade. "Preta era energia pura", lembrou, com um sorriso que tentava ser alegre mas traía a dor de quem sabe que algumas lacunas nunca serão preenchidas.

No final das contas, o que ficou foi a impressão de estar diante não de um mito da MPB, mas de um pai comum — desses que o Brasil inteiro parece conhecer — tentando aprender a viver num mundo que, de repente, ficou mais silencioso.