Arlindo Cruz: Família, amigos e fãs se despedem do ícone do samba em cerimônia emocionante
Família e fãs se despedem de Arlindo Cruz em velório emocionante

O Rio de Janeiro parou. Não por causa do trânsito caótico ou de mais um escândalo político — mas por uma dor que ecoou nos corações de quem ama o samba. Arlindo Cruz, a voz que embalou gerações, partiu. E o que restou foi um mar de gente, misturando famosos, anônimos e aqueles que simplesmente não conseguiram ficar em casa.

O Teatro João Caetano, no centro da cidade, virou um palco de emoções contraditórias. De um lado, os acordes de clássicos como "Meu Lugar" tocados ao vivo. Do outro, soluços abafados por lenços — porque até os mais durões choraram feito criança perdida no shopping.

Celebridades e anônimos: todos iguais na dor

Zeca Pagodinho chegou com o rosto mais fechado que portão de cadeia. Nem seu humor característico apareceu. "Perdi meu irmão", resumiu, em uma frase curta que dizia tudo. E não foi o único: parece que metade do pagode nacional desembarcou no local, cada um com sua própria história sobre o artista.

Mas quem chamou atenção mesmo foram os fãs. Gente comum, muitos vestindo camisas desbotadas de shows antigos, que enfrentaram horas de fila sob um sol para nada. "Ele salvou meu casamento", confessou uma senhora, enquanto um jovem tatuado garantia que as letras de Arlindo "ensinou mais que escola".

O adeus final

Quando o caixão — coberto por uma bandeira do Fluminense, seu time do coração — saiu carregado por familiares, até os fotógrafos mais casca-grossa baixaram as câmeras por respeito. Na arquibancada, alguém começou a cantarolar "O Show Tem Que Continuar". Em segundos, virou um coral improvisado que arrepiou até os seguranças.

Arlindo Cruz deixa seis filhos, uma carreira que redefiniu o samba moderno e uma pergunta no ar: quem vai conseguir preencher esse vazio? Porque alguns artistas não fazem só música — criam a trilha sonora de vidas inteiras. E essa, amigos, é uma dívida que não se paga com streaming ou likes.