
O velório aconteceu na tarde desta quinta-feira (3), num clima que misturava saudade e celebração. Quem passou pelo local — uma capela discreta no bairro do Morumbi — pôde ver de perto o impacto que Guzzo teve na vida de tantas pessoas. Flores, abraços apertados e histórias sussurradas entre lágrimas.
"Ele tinha um faro incrível para notícias", contou um colega de redação, enquanto ajustava os óculos — gesto que, ironicamente, lembrava o próprio Guzzo. "Mas o que pouca gente sabe é como ele brigava por nós lá dentro."
Uma carreira que moldou o jornalismo
Na década de 90, quando a imprensa brasileira vivia tempos turbulentos, Guzzo estava lá. Firme. Às vezes polêmico, sempre apaixonado. Dirigiu a Veja entre 1995 e 2001, período que muitos consideram de ouro da publicação.
Não foi só na grande mídia que deixou marcas. Nos últimos anos, dedicou-se a projetos menores — mas nem por isso menos importantes. "Adorava descobrir novos talentos", lembrou uma ex-assistente, agora ela mesma editora-chefe em outro veículo.
O adeus de São Paulo
A cidade que o acolheu por décadas devolveu agora o carinho. Entre os presentes, nomes conhecidos do jornalismo nacional alternavam-se com vizinhos do condomínio onde morava. "Sempre tinha uma piada pronta quando nos cruzávamos no elevador", riu um deles, antes de ficar sério. "Vai fazer falta."
O cortejo seguiu sob um céu que teimava em não decidir se chovia ou fazia sol — como se a própria natureza hesitasse diante da despedida. No cemitério, discursos breves e um silêncio que dizia mais que mil palavras.
Deixa um legado. E uma lição: que jornalismo sério e coragem nunca saem de moda.