Arlindinho fala sobre a morte do pai, Arlindo Cruz: 'Dia de tristeza, mas também de alívio'
Arlindinho fala sobre morte do pai Arlindo Cruz

O coração do samba brasileiro bateu mais fraco nesta quinta-feira. Arlindinho, filho do icônico Arlindo Cruz, abriu o peito em uma conversa franca sobre o falecimento do pai — e o que disse pegou todo mundo de surpresa.

"É um dia esquisito, sabe?" — confessou, esfregando os olhos vermelhos — "Tem um buraco aqui que nunca vai fechar. Mas, olha... também tem um certo alívio."

O peso de uma despedida prolongada

Quem acompanhou os últimos anos do mestre do samba conhece a batalha desigual que ele travava. Desde 2018, quando um AVC o derrubou, Arlindo Cruz virou símbolo de resistência. "Meu velho era guerreiro, mas a gente via ele definhar aos poucos", lembra o filho, voz embargada.

E não é que a vida prega umas peças? Enquanto as redes sociais se enchem de homenagens (e olha que são muitas mesmo), a família vive um luto diferente — daqueles que começam bem antes do último adeus.

"Ele já não estava mais aqui"

Arlindinho solta a frase como quem tira um peso das costas: "Nos últimos meses, meu pai era só um retrato do que foi. A doença levou o artista, o contador de histórias, o cara que animava qualquer roda de samba".

E faz uma pausa dramática antes de completar: "Quando a notícia veio, chorei? Chorei rios. Mas uma parte de mim agradeceu por ele não precisar mais sofrer".

O legado que não morre

Enquanto isso, no asfalto do Rio, o tributo acontece espontaneamente. Em Madureira, velas acesas na porta da Portela. Em Oswaldo Cruz, pandeiros batendo o ritmo de "O Show Tem Que Continuar". Até os bares da Lapa — que ele tanto frequentava — estão tocando seus sucessos em loop.

"Isso aqui tá uma loucura", comenta Arlindinho, meio sem acreditar. "O povo transformou a cidade num palco de homenagem. Meu pai ia adorar ver isso."

E você, já parou pra pensar? Como se diz adeus pra quem marcou época na cultura brasileira? Difícil responder. Mas uma coisa é certa: enquanto houver samba no pé e pagode nas esquinas, Arlindo Cruz vai seguir vivo — nem que seja na memória coletiva de um país que ama música até a alma.