
Não foi desta vez. O Brasil encerrou sua participação no Mundial de Natação em Doha com um saldo amargo: zero medalhas. E olha que a gente nem está falando de ouro — qualquer pódio seria um alívio. Depois do espetáculo de Cesar Cielo e companhia nos anos 2000, a piscina parece ter secado.
Os números não mentem: apenas dois finalistas em 42 provas individuais. Guilherme Costa (5º nos 800m livre) e Stephanie Balduccini (8º nos 100m livre) foram os únicos a raspar o topo. O resto? Nem chegaram perto. E o pior: a distância para os líderes aumentou.
Onde foi que a água bateu na bunda?
Especialistas apontam três problemas crônicos:
- Falta de investimento em categorias de base (enquanto EUA e Austrália nadam em dinheiro)
- Fuga de talentos para o tênis e vôlei — esportes que dão mais visibilidade
- Metodologias ultrapassadas que ainda usam o mesmo treinamento de 15 anos atrás
"A gente está colhendo o que plantou na última década", dispara o técnico Marcelo Alberto, que prefere não se identificar. "Sem uma reformulação radical, vamos continuar sendo figurantes."
E agora, José?
Paris 2024 está logo ali, mas as esperanças são poucas. A CBDA promete um "choque de gestão", mas entre promessas e piscinas olímpicas, sabemos qual enche primeiro. Enquanto isso, os jovens atletas se viram como podem:
- Treinam em piscinas públicas superlotadas
- Dependem de patrocínios aleatórios
- Assistem rivais evoluírem com tecnologia de ponta
Não é questão de falta de talento — o Brasil sempre teve peixes fora d'água. Mas sem um projeto sério, vamos continuar boiando na rabeira do esporte mundial. E dessa vez, nem a torcida mais otimista acredita em milagres.