O coração do samba brasileiro bate mais forte — e mais triste — nesta sexta-feira. A quadra do Império Serrano, um dos templos sagrados do ritmo que embala o país, abriu suas portas para uma despedida que promete ser tão vibrante quanto as melodias que Arlindo Cruz nos deixou. O público pode prestar suas últimas homenagens ao mestre do samba das 10h até as 16h.
Não era só um artista. Era um contador de histórias que transformava dor em poesia, que fazia a gente rir e chorar no mesmo verso. E hoje, quem passar pela quadra na Serrinha vai sentir isso no ar: uma mistura de saudade e gratidão que só o samba sabe traduzir.
Uma vida dedicada ao samba
Arlindo não foi apenas um nome no samba — ele era o samba feito gente. Desde os tempos de Fundo de Quintal até suas composições que viraram hinos, o cara sabia como ninguém botar a alma no asfalto. E olha que não foi pouco: mais de quatro décadas criando obras que atravessaram gerações.
"Ele era daqueles raros artistas que conseguiam ser geniais sem perder a simplicidade", comenta Seu Jorge, um dos muitos admiradores presentes. A fila do velório? Parecia um ensaio de bloco de carnaval — gente de todo canto, unida pelo mesmo compasso de dor e celebração.
O legado que fica
Se tem uma coisa que Arlindo Cruz ensinou foi isso: samba bom é aquele que chega no pé e no coração. E as homenagens não param por aí. A prefeitura já anunciou que o nome dele vai batizar uma ala inteira no Museu do Samba — justíssimo, não?
Enquanto isso, na quadra, o clima é de quem perdeu um parente próximo. "A gente cresceu ouvindo ele", diz Maria das Graças, 58 anos, com os olhos cheios d'água. "Meus filhos, meus netos... Todo mundo na minha família sabe cantar pelo menos uma música dele."
O cortejo sairá da quadra rumo ao Cemitério do Caju às 17h, seguido por uma bateria que promete fazer o trajeto parecer mais um desfile de escola de samba — do jeito que ele gostaria.
