Jota Quest Surge das Cinzas: Homenagem Póstuma Eletrizante com Tim Maia no The Town
Jota Quest e Tim Maia: feat póstumo no The Town

O que é um palco, no fim das contas, senão um portal? E no último final de semana, o palco do The Town, em São Paulo, se tornou exatamente isso: uma passagem dimensional para um reencontro que ninguém, absolutamente ninguém, achava possível.

Lá estava o Jota Quest, suando a camisa como sempre, mandando ver nos clássicos. A galeria ia a loucura. De repente, uma pausa. Um silêncio carregado. Rogério Flausino, aquele sujeito que tem a voz que a gente reconhece até de ressaca, pegou no microfone e soltou a bomba: iam fazer uma música com o próprio Tim Maia.

Como assim? Tim Maia? O cara partiu dessa para uma melhor há mais de vinte anos! Aí você pensa: deve ser um sample, uma gravação antiga, algo assim. Mas não, meu amigo. A coisa foi muito, muito além.

Um Milagre Tecnológico e Emocional

As luzes baixaram. Um murmúrio correu pela multidão. E então... ele apareceu. Não era um fantasma, claro. Era algo mais próximo de um holograma de altíssima definição, tão real que dava até arrepio. A tecnologia por trás daquilo – uma parceria da Warner Music com uma empresa especializada nesses resgates digitais – é coisa de outro mundo.

E a voz? Ah, a voz! Não era uma gravação simplesmente tocada. Os caras usaram um modelo de IA treinado em dezenas de horas de áudio do Tim Maia para gerar uma performance nova e única de 'Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)'. A letra, ironicamente (ou profeticamente), perfeita para o momento.

Rogério e o Tim digital cantaram juntos, trocaram olhares, fizeram aquela coisa que só grandes parceiros de palco fazem. Foi orgânico. Foi assustadoramente belo. Foi, sem dúvida, um dos momentos mais corajosos e emocionantes da música ao vivo recente.

Não Apenas um Truque de Luz

Mas olha, vai ter gente que vai criticar. "Ah, é desrespeito". "É só um truque caro". Eu discordo. Veementemente. Aquilo não foi uma exumação digital, foi uma celebração. Foi uma forma de manter viva a chama de um dos maiores gênios que a música brasileira já produziu.

Fez todo mundo ali, de adolescente a cinquentão, sentir um pouquinho do que era ver o Tim Maia em ação. E no final, a sensação que ficou não foi de luto, mas de uma alegria contagiante e... bem, um certo alívio. Alívio por saber que a música, no fim, sempre encontra um jeito de vencer até a maior das limitações: o tempo.

O The Town prometeu mais surpresas assim. E eu, particularmente, mal posso esperar. Quem será o próximo? Cazuza? Chorão? Elis? O limite, agora, parece que é só a nossa própria audácia.