Fafá de Belém revela: 'Me sinto parte da história do sertanejo' — Confira a entrevista exclusiva!
Fafá de Belém fala sobre seu papel no sertanejo

Quem diria que aquela voz potente, capaz de arrepiar até os mais durões, carregaria nas notas um pedaço da alma do sertanejo? Fafá de Belém — sim, aquela mesma que embalou gerações — solta o verbo em um desabafo surpreendente: "Me sinto um pouco responsável por esse movimento todo". E não é pra menos.

Num bate-papo que mistura saudosismo e críticas afiadas, a diva paraense — com seu jeito único de falar, meio cantando, meio contando causos — relembra os tempos em que o gênero era visto como "coisa de interior". "A gente plantou a semente quando ninguém apostava um real", diz, com um sorriso que esconde décadas de batalha.

O sertanejo antes do boom

Antes de festivais lotarem estádios e hits dominarem as playlists, havia um cenário bem diferente. Fafá descreve: "Era um negócio quase clandestino — cantar moda de viola em São Paulo? Risos garantidos". Mas ela, teimosa como só artista consegue ser, insistiu em levar o som raiz pra cima e pra baixo.

  • Nos anos 80, enfrentou resistência até de produtores: "Diziam que meu timbre era 'urbano demais' pro sertanejo"
  • Nos 90, virou cartão-postal do gênero sem abrir mão da poesia nas letras
  • Hoje, vê com orgulho — e um pé atrás — a explosão comercial: "Tem qualidade? Tem. Exagero? Também..."

E quando o assunto é "novos artistas", ela solta uma gargalhada que ecoa como um desafio: "Tá faltando raiz nesse arroz com feijão eletrônico, hein?". Mas não se engane — a crítica vem acompanhada de incentivo. Afinal, quem melhor que ela pra apontar caminhos?

"Não canto sertanejo, canto Brasil"

Numa hora em que muitos artistas se encaixam em caixinhas, Fafá brinca com os rótulos: "Me chamam de dama do brega, rainha do sertanejo... Eu? Só uma contadora de histórias com voz rouca". Essa mistura de humildade e consciência do próprio legado é o que torna sua fala tão cativante.

E o recado pra nova geração? "Respeitem a história" — dito com a intensidade de quem carrega nas cordas vocais as cicatrizes de quem abriu trilhas. "Moda de viola não é modinha", arremata, num tom que não deixa dúvidas: há décadas ela não segue tendências, ela as cria.