
O Rio de Janeiro acordou mais triste nesta sexta-feira. Arlindo Cruz — não, não é exagero chamá-lo de gênio — partiu aos 66 anos, deixando um vazio impossível de medir no samba e na cultura brasileira. O homem que transformou batidas em poesia se foi.
Quem nunca se emocionou com "O Bêbado e a Equilibrista" ou balançou ao som de "Meu Lugar"? Cruz não era só um artista. Era um contador de histórias que usava o pandeiro como pena e a cuíca como tinta.
Uma vida dedicada ao samba
Nascido em 1958, no bairro de Água Santa — sim, ironicamente poético —, Arlindo começou cedo. Aos 14, já mostrava que veio ao mundo pra fazer barulho (do bom). Fundou o Grupo Semente nos anos 80 e, meu Deus, como aquele som pegou.
- Mais de 20 álbuns lançados
- Parcerias lendárias com Zeca Pagodinho e Jorge Aragão
- Hinos que viraram trilha sonora de gerações
E pensar que tudo começou com um garoto tímido batucando em panelas na cozinha da mãe. A vida tem dessas reviravoltas lindas — e dolorosas.
O adeus que não será silencioso
O hospital onde faleceu não divulgou a causa da morte. Mas que diferença faz? O importante é que seu legado é maior que qualquer diagnóstico. Enquanto existirem rodas de samba, festas de quintal e corações batendo no compasso do pandeiro, Arlindo estará vivo.
O velório? Ah, pode ter certeza que vai ser como ele gostava: com música alta, cerveja gelada e muita, mas muita emoção. O Rio sabe fazer seus filhos irem embora em estilo.
Uma última curiosidade: em 2019, ele sofreu um AVC que o afastou dos palcos. Mas até na recuperação, o homem fazia questão de compor. Dizem que naquela época criou algumas de suas melhores letras — a dor sempre foi boa musa.