Era uma noite qualquer de 2005 num boteco escondido de Ribeirão Preto quando aconteceu o improvável. Dois garotos - um com viola desafinada, outro com voz rouca de tanto gritar - resolveram misturar o tradicional com o irreverente. Nascia ali, entre doses de cachaça e risadas despretensiosas, o que viria a ser o maior fenômeno musical da década seguinte.
"A gente só queria zoar, fazer um som diferente", conta um dos pioneiros que prefere não se identificar - afinal, quem imaginaria que aquela brincadeira renderia tanto? As duplas da região começaram a replicar a fórmula: pegavam modões antigos e colocavam letras sobre faculdade, festa e paquera. A receita era simples, mas explosiva.
O pulo do gato
O que diferenciava essas apresentações? Primeiro, a linguagem direta - nada de metáforas complexas. Segundo, o ritmo acelerado feito para dançar, não para chorar de saudade. E por último (mas não menos importante), o público: universitários que queriam se ver representados nas letras.
Não demorou para que:
- Os bares ficassem pequenos para tanta gente
- As rádios locais começassem a tocar as músicas
- As gravadoras percebessem o potencial comercial
Curiosamente, muitos dos "pais" do gênero nem imaginavam estar criando algo novo. "Pra nós era só uma versão atualizada do que já existia", confessa um músico da época. Mas a história provaria o contrário...
O legado que ninguém previu
Dez anos depois, o sertanejo universitário dominava as paradas nacionais. Artistas que começaram naqueles bares agora lotavam estádios. E Ribeirão Preto? Tornou-se a capital não-oficial do gênero - embora poucos saibam dessa origem humilde.
O mais irônico? Muitos dos críticos que hoje elogiam o movimento foram os mesmos que torceram o nariz no início. "Era considerado música de bêbado", riem os pioneiros. Mas como diz o ditado: quem ri por último ri melhor. E nesse caso, a gargalhada ecoou por todo o Brasil.
