
Não é de hoje que a presença feminina no mundo dos livros enfrenta barreiras — mas a resistência, essa, só cresce. Na última quarta-feira (25), o Distrito Federal se tornou palco de um encontro tão potente quanto necessário: mulheres de diferentes frentes do mercado editorial se reuniram para botar a mão na massa e discutir, de forma franca, como ocupar mais espaço.
E olha, a coisa foi longe do blá-blá-blá corporativo. O papo rolou solto sobre os desafios concretos que autoras, editoras, ilustradoras e até mesmo livreiras enfrentam no dia a dia. Desde a dificuldade de conseguir visibilidade para obras de temática feminina até aquela velha — e cansativa — disparidade nos avanços na carreira.
Mais do que conversa, plano de ação
O que diferencia esse encontro de tantos outros? A vontade palpável de sair do lugar-comum. As participantes não se limitaram a apontar problemas; mergulharam de cabeça na busca por soluções práticas. A ideia era clara: construir uma rede de apoio sólida, daquelas que realmente impulsionam.
Pensar em estratégias de divulgação alternativas, criar selos editoriais com viés feminista, fomentar clubes de leitura focados em autoras... Ufa! A lista de possibilidades que surgiu não foi pequena. Parece que a ficha caiu: unidas, as mulheres têm muito mais força para mudar as regras desse jogo.
O cenário atual: avanços sim, mas lentos
É inegável que houve progresso nas últimas décadas. Autoras consagradas hoje vendem milhões e ganham prêmios importantes. Mas será que isso reflete a realidade da maioria? A sensação que fica é a de que ainda estamos arranhando a superfície. A representatividade nas posições de liderança dentro das editoras, por exemplo, continua sendo um ponto crítico.
E não é só uma questão de justiça — é de negócio também. O público leitor feminino é enorme e ávido por histórias com as quais se identifique. Ignorar isso é, convenhamos, um tiro no pé do mercado.
O evento deixou um gosto de "quero mais". Um sentimento de que aquela conversa foi apenas o pontapé inicial de uma movimentação muito maior. A expectativa agora é que as sementes plantadas ali germinem e fortaleçam a cena literária brasiliense — e quem sabe, a nacional.
Uma coisa é certa: as mulheres do DF mandaram um recado. Elas estão se organizando, se fortalecendo e prontas para escrever — literalmente — um novo capítulo na história do livro no Brasil.