Um importante capítulo da história da comunicação do interior paulista foi resgatado e celebrado em Sorocaba. O documentário "Nhô Juca – a rota do trem caipira" teve seu lançamento oficial neste sábado (6), marcando o fim de uma jornada de produção que começou em 2018. O evento de estreia aconteceu na Universidade de Sorocaba (Uniso) e emocionou familiares, amigos e o público que pôde conhecer mais sobre a trajetória de um dos grandes nomes do rádio regional.
Uma jornada de sete anos para preservar a memória
A semente do projeto foi plantada há sete anos pelo jornalista e diretor Celso Fontão Jr., da Rede Globo Brasília, que iniciou as primeiras entrevistas com familiares e amigos de Nhô Juca. No entanto, o trabalho ficou parado por um longo período até encontrar o terreno fértil na Uniso. A professora Luise Mariano, responsável pelo projeto integrador de Comunicação e Produção em Vídeo, abraçou a ideia e a transformou em uma rica experiência pedagógica para seus alunos de Publicidade e Propaganda.
"O Nhô Juca é muito lembrado pelos mais velhos e os jovens ainda não conheciam", explica a professora Luise, destacando a função social do documentário. "O produto midiático tem essa importante função de preservar essa memória cultural que atravessa gerações. Quando vejo os alunos falando do Nhô Juca, conhecendo a obra dele, rindo das piadas dele, percebo que o trabalho está sendo feito", completou, emocionada com o resultado final apresentado.
O protagonismo dos alunos na produção
Os estudantes não foram meros espectadores; eles foram os arquitetos da obra. Sob a orientação da professora Luise, os alunos do curso de Publicidade e Propaganda assumiram todas as fases da produção. A lista de responsabilidades foi extensa e incluía:
- Pesquisa histórica e levantamento de acervo.
- Produção de imagens e roteiro do documentário.
- Edição dos vídeos de divulgação.
- Ação de marketing e curadoria da exposição montada para o evento.
Lorena Correia Furtado, aluna do quarto semestre e roteirista do documentário, ressaltou o significado do trabalho. "É um marco poder contar a história de quem foi o radialista, porque ele transformou tanto essa parte de comunicação da região de Araçoiaba e Sorocaba", afirmou. Ela ainda destacou a importância de mostrar para as novas gerações pessoas importantes da história local que não são mais lembradas como deveriam.
Um dos momentos mais especiais da produção foi a dramatização do personagem principal. O aluno Felipe Leal Cardoso foi o responsável por dar vida a Nhô Juca nas filmagens. O processo exigiu dedicação e imersão, incluindo gravações externas em uma fazenda em Tatuí para captar a essência da vida do radialista.
"Ele foi uma lenda que perpetua na cultura até hoje. Foi uma revolução no sistema radialista da época", contou Felipe, que se disse inspirado pela personalidade de Nhô Juca. "É muito gratificante ver esse trabalho pronto, ver as pessoas visitando e se emocionando com a história dele", completou o estudante.
Emoção e legado familiar
O lançamento foi um evento carregado de sentimentos, especialmente para as filhas de Nhô Juca: Sandra Maria, Maria Francine e Maria Fernanda. Elas compareceram ao local para prestigiar a homenagem e se surpreenderam com a profundidade do trabalho.
"Foi uma emoção muito grande. Fiquei muito feliz com esse trabalho deles, não imaginava que seria uma coisa tão bonita como foi", disse Sandra, visivelmente agradecida. Maria Francine complementou, destacando o papel pioneiro do pai: "Para vocês, enquanto jovens estudantes, o meu pai foi um precursor dessa comunicação na cidade".
Maria Fernanda relembrou uma lição valiosa deixada pelo pai, capturada no final do documentário: a coragem de sempre seguir em frente. "A questão de 'ir pra frente, vai em frente, não pare'. Então, essa coragem que meu pai me passou desde pequena de não desistir de nada foi muito emocionante", compartilhou.
Além do filme, os alunos criaram um cenário ambientado que recriava elementos da trajetória do radialista, proporcionando uma experiência imersiva aos visitantes do evento. O idealizador Celso Fontão Jr. também esteve presente e celebrou a conclusão do projeto. "Estou desde 2018 desenvolvendo esse projeto... Veio a ideia de juntar o útil ao agradável", contou, feliz por ver o trabalho, que estava parado há anos, finalmente ganhar vida em parceria com a universidade.
O documentário "Nhô Juca – a rota do trem caipira" se firma não apenas como um registro histórico, mas como uma ponte entre gerações, garantindo que a contribuição de um ícone da comunicação caipira continue a inspirar e a educar.