Tragédia no Oriente Médio: Jogador palestino conhecido como 'Pelé da Palestina' morre em ataque aéreo israelense
'Pelé da Palestina' morre em ataque aéreo israelense

Era pra ser só mais um dia em Gaza. O sol escaldante, o cheiro de pólvora no ar — nada muito diferente do usual naquela região tão conturbada. Mas o que aconteceu na terça-feira deixou até os mais endurecidos de coração com um nó na garganta.

Mohammed Barakat, carinhosamente chamado de "Pelé da Palestina" pelos torcedores, teve sua vida interrompida brutalmente aos 41 anos. Um míssil israelense atingiu sua casa no campo de refugiados de Jabalia, reduzindo a pó não só o lar do atleta, mas também as esperanças de um povo que via nele um símbolo de resistência.

O craque que driblava a guerra

Quem o viu jogar diz que tinha um dom raro. Enquanto os tanques rugiam ao longe, Barakat transformava campos poeirentos em palcos de magia — seus pés pareciam conversar com a bola de um jeito que fazia até os soldados pararem pra olhar.

Curiosidade: Em 2012, durante um dos piores conflitos, ele organizou um amistoso entre times locais. "Se a guerra não tem intervalo, nosso futebol terá", declarou na época, com aquela teimosia típica de quem nasceu sob ocupação.

Reações que doem

Nas redes sociais, a comoção foi imediata. De jogadores árabes a torcedores israelenses (sim, ele tinha admiradores até entre "os do outro lado"), as homenagens choviam:

  • "Era nosso Messi sem holofotes" — postou um fã libanês
  • "Mataram não um atleta, mas a poesia em movimento" — desabafou um jornalista esportivo
  • "Até quando?" — questionava simplesmente uma adolescente palestina, em inglês hesitante

O Ministério da Saúde de Gaza — aquela estrutura que teima em funcionar mesmo com hospitais bombardeados — confirmou: além de Barakat, mais 15 civis morreram no mesmo ataque. Crianças, dizem as primeiras informações. Sempre crianças.

O jogo político por trás do luto

Enquanto isso, em Tel Aviv, o porta-voz militar israelense foi enfático: "O alvo era uma base do Hamas. Se houve vítimas colaterais, a responsabilidade é do grupo terrorista que se esconde entre civis". A velha ladainha de sempre, pensei ao ler a nota. Como se "colateral" fosse um adjetivo aceitável pra descrever vidas inteiras apagadas.

E o futebol? Ah, o futebol... A FIFA emitiu uma daquelas declarações cheias de "profunda tristeza" e "solidariedade às famílias". Bonito no papel, mas que não devolve um só sopro de vida. Enquanto isso, a bola rola nos estádios europeus como se nada tivesse acontecido. A vida — ou a falta dela — segue seu curso brutal.

Barakat deixa esposa e três filhos. O mais novo, de 7 anos, sonhava em ser "igual ao pai quando crescesse". Difícil explicar pra uma criança que alguns sonhos morrem antes mesmo de serem sonhados até o fim.