Salvador não é a mesma desde que Tatti Moreno deixou sua marca nas ruas — e agora, quem segura a tocha é seu filho. Não é só sobre manter viva a memória, mas sobre reinventá-la. As obras do artista, que já eram parte da alma da cidade, ganham novos significados nas mãos da nova geração.
Quem caminha pelo Pelourinho hoje pode sentir a energia — uma mistura de saudade e renovação. O filho de Moreno não apenas preserva os traços do pai, como os mistura com seu próprio estilo. "É como se ele conversasse com meu pai através da arte", diz, enquanto finaliza um mural que já atrai olhares curiosos.
Da memória ao concreto
Algumas obras são tão emblemáticas que viraram pontos turísticos. Outras, menos conhecidas, estão sendo redescobertas. O que mais impressiona? A maneira como o novo Moreno consegue equilibrar respeito ao passado e ousadia no presente. Ele não copia — reinterpreta.
Numa esquina, um antigo painel ganhou cores mais vivas. Noutra, uma escultura foi reposicionada para "dialogar" melhor com a arquitetura baiana. E os moradores aprovam: "Parece que Tatti voltou, mas trazendo algo novo", comenta Dona Maria, dona de um boteco próximo.
O desafio de superar sem apagar
Não é fácil carregar um sobrenome tão pesado no mundo artístico. "Às vezes sinto o peso, mas transformo isso em combustível", confessa o herdeiro criativo. Seu ateliê — o mesmo onde o pai trabalhava — está cheio de esboços que homenageiam o passado enquanto pisam firme no futuro.
E Salvador responde. Turistas fotografam. Crianças param para olhar. Velhos amigos do pai aparecem com histórias que inspiram novas obras. A arte, aqui, é coisa viva — e a família Moreno sabe disso melhor que ninguém.
