Receita de família mineira: moradora de Cuiabá revela segredos da deliciosa Rosca Rainha
Segredos da Rosca Rainha: receita de família mineira em Cuiabá

Quem diria que uma receita guardada a sete chaves por gerações de uma família mineira iria parar nas cozinhas cuiabanas? Pois é, dona Maria das Graças — ou simplesmente Graça, como prefere ser chamada — resolveu quebrar o protocolo e compartilhar o segredo da sua Rosca Rainha, um verdadeiro tesouro gastronômico que faz sucesso em todas as reuniões familiares.

"Minha avó fazia pra festas de igreja nos anos 1950, com farinha peneirada na hora e manteiga da fazenda", conta ela, enquanto ajusta o avental manchado de farinha — testemunha de incontáveis preparos. A receita, que atravessou décadas e mais de mil quilômetros até Cuiabá, tem aquela magia das coisas feitas com tempo e carinho.

Ingredientes que contam histórias

Olha só o que você vai precisar (e não, não é só farinha e água não):

  • 1 kg de farinha de trigo (a boa mesmo, daquelas que grudam nos dedos)
  • 3 ovos caipiras (porque galinha de quintal faz diferença, sim!)
  • 1 xícara de açúcar mascavo (a avó dela usava rapadura ralada, mas adaptou)
  • 200g de manteiga sem sal (nada de margarina, pelo amor de Deus!)

E o segredo? "Coloco uma colher de café de erva-doce moída na hora", sussurra Graça, como se revelasse um código de estado. "Faz a massa cantar!".

O ritual do preparo

Primeiro: esqueça liquidificador ou batedeira. Aqui o negócio é amassar com as mãos até a massa "pedir arrego" — expressão típica que ela usa quando a textura fica perfeita. Depois:

  1. Misture os ingredientes secos numa bacia de madeira (plástico não tem a mesma energia, segundo ela)
  2. Adicione os ovos um a um, fazendo uma "fontinha" no centro da farinha
  3. Sove por 25 minutos — "tem que suar o braço, senão não fica fofinha"

O ponto crucial? "Quando a massa começa a desgrudar da bacia sozinha, tá no ponto", ensina, com a autoridade de quem já errou muito até acertar. Depois de crescer por duas horas ("em lugar quente, mas não quente demais, senão vira pedra!"), é hora de modelar.

E aqui vem outra peculiaridade: ela faz doze roscas pequenas em vez de uma grande. "Assim todo mundo pega a sua, ainda quentinha", explica, enquanto entrelaça a massa com dedos ágeis — movimento que repete há 40 anos.

O toque final que faz diferença

Antes de ir ao forno, pincela com gema batida e polvilha açúcar cristal. "Fica com aquele crocante que quebra quando morde", descreve, fazendo o gesto com as mãos. Asse em forno médio por 35 minutos — "mas fica de olho, porque cada forno tem sua personalidade".

O resultado? Uma explosão de texturas: crosta dourada que se esfarela, miolo fofinho que cheira a infância e aquele sabor inconfundível que, segundo Graça, "faz até visitante calado voltar pra pedir mais".

E aí, animou pra tentar? Só não espere perfeição na primeira vez — até ela, confessa, já queimou algumas até dominar o ponto. "Mas é isso que torna especial", filosofa, enquanto serve mais uma xícara de café. "Comida com história sempre tem gosto melhor."